Brinde luso-moçambicano

Na primeira cimeira entre Portugal e Moçambique, em Novembro de 2011, em Lisboa, o encontro saldou-se pela assinatura de três acordos. Nesta segunda reunião bilateral, que decorreu na quarta-feira em Maputo, a parceria luso-moçambicana aprofundou-se: foram assinados 19 acordos, protocolos, memorandos de entendimento e outros instrumentos bilaterais, que resultaram na “disponibilização de cerca de 134…

O mesmo documento aponta que “o crescimento de 60% das exportações moçambicanas para Portugal e de 43% das exportações portuguesas para Moçambique, desde a última cimeira”, prova a “cada vez maior relevância dos respectivos mercados”.

Na quinta-feira, num seminário económico a que o primeiro-ministro e o Presidente Armando Guebuza compareceram, o governante luso salientou que cada milhão de dólares investido em Moçambique resulta na criação de 55 novos postos de trabalho.

Na véspera, Passos Coelho manteve um encontro informal com cerca de 40 empresários portugueses e reiterou que estes mantêm “uma grande confiança” no país africano, apesar do clima de insegurança que no último ano desestabilizou a sociedade moçambicana, com confrontos entre Renamo e forças de segurança.

A mesma ‘fé’ foi manifestada novamente por Passos no jantar oferecido por Armando Guebuza à comitiva lusa: as verbas desbloqueadas na cimeira representam “uma prova da mais absoluta confiança no futuro de Moçambique”.

A homenagear um passado comum entre os dois países, o PM aproveitou a visita para colocar uma coroa de flores na campa de Mário Coluna, no cemitério de Lhanguene, às portas de Maputo, e elogiou a “figura singular” do ex-capitão do Benfica e glória da selecção portuguesa, falecido em Fevereiro.

Protocolos variados

A comitiva portuguesa, liderada pelo primeiro-ministro, contou com cinco ministros – Rui Machete (Negócios Estrangeiros), Aguiar-Branco (Defesa), António Pires de Lima (Economia), Moreira da Silva (Ambiente e Energia) e Assunção Cristas (Agricultura) – e o secretário de Estado das Finanças.

A ampla ‘equipa’ lusa que viajou até à capital moçambicana reflecte o leque de áreas contempladas nos acordos assinados, que abrangem a cooperação em sectores como pescas, agricultura, educação, economia, defesa.

Destaca-se uma adenda ao protocolo de apoio ao Fundo Empresarial da Cooperação Portuguesa (FECOP), que permitirá que este passe a ser usado em projectos de reconstrução e desenvolvimento da economia moçambicana, desbloqueando uma verba de 13 milhões de euros.

Também o Fundo Português de Apoio ao Investimento em Moçambique (Investimoz), criado em Abril de 2010 para apoiar e promover o investimento de empresas portuguesas e luso-moçambicanas em Moçambique, foi flexibilizado – e disponibiliza 94 milhões de euros.

A língua portuguesa saiu reforçada com a criação de um curso de Português como idioma estrangeiro, num protocolo entre o Instituto Superior de Relações Internacionais de Moçambique e o Instituto Camões.

A terceira cimeira bilateral já foi anunciada para 2015 e vai realizar-se em Portugal.

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