Se filmes sobre futebol há só um – o documentário romeno Al Doilea Joc sobre um jogo entre o Steaua e o Dínamo no tempo de Ceausescu, pelo ponto de vista do árbitro, o pai do realizador – a Revolução dos Cravos tem direito a uma sessão especial, amanhã, no São Jorge, que reúne As Ondas de Abril; Mudar de Vida, José Mário Branco, Vida e Obra; e Outra Forma de Luta. O primeiro é uma comédia realizada por Lionel Baier, inspirada numa história real, de uma equipa de reportagem suíça que se desloca a Portugal e vê-se a meio da revolução (estará nos cinemas dia 8 de maio); o segundo é um documentário de Pedro Fidalgo e Nelson Guerreiro sobre o músico português, rodado ao longo de sete anos; e o terceiro é a resposta, em forma de filme, a um inquérito entregue pelo escritor Nuno Bragança a um dos líderes das Brigadas Revolucionárias, Carlos Antunes, através do olhar de João Pinto Nogueira.
Há ainda a curta-metragem A Caça Revoluções, de Margarida Rego, que a partir de uma fotografia tirada pelo pai da autora, compara a manifestação do 1.º de Maio de 1974 e a de Setembro de 2012, «um balanço de 40 anos de democracia em 11 minutos», como descreve Miguel Valverde, director do festival que tem filmes em exibição na Culturgest, São Jorge, City Campo Pequeno e Cinemateca.
Heroína Simon
«Ao fim de dez anos a fazer o Indie chegámos aqui com a convicção de que a primeira parte das nossas ideias tinham sido cumpridas. Esta 11.ª edição é um pouco o que queremos fazer no futuro», diz em jeito de balanço Miguel Valverde. «O Herói Independente era uma das secções principais do festival e que por razões económicas tivemos de prescindir dela desde 2011. E este ano encontrámos na cineasta Claire Simon a disponibilidade e vontade vir ao festival e de apresentar alguns filmes», continua.
Não se trata de uma retrospectiva completa da filmografia da autora francesa, mas há meia dúzia de obras disponíveis: destaque para Gare du Nord, que abre hoje às 19h o festival, e Géographie Humaine, que vai estar em competição. São dois filmes realizados no ano passado e que têm como tema uma das maiores estações ferroviárias, a Gare du Nord, em Paris, o primeiro em forma de ficção, o segundo um documentário. «Fez o resumo da própria obra com estes dois filmes, porque os ficcionistas acusam-na de ser uma documentarista que se imiscui na ficção e os documentaristas acham que é uma ficcionista que usa o documentário. Na realidade criou uma linguagem híbrida, que a torna especial», comenta Valverde.
Novidade desta edição é a secção IndieMovingImage, presente em sete espaços (Museu da Electricidade, Museu do Chiado, Centro de Arte Contemporânea, Culturgest, Galeria Zé dos Bois, Galeria Graça Brandão e Cinemateca). «No ano passado fizemos uma experiência que nos pareceu interessante, e este ano decidimos que faça parte do festival como secção paralela. Vamos mostrar em contexto de instalação filmes e vídeos de artistas que fazem parte do cinema e das artes plásticas».
IndieJúnior chega aos 10
A programação para os mais novos chega aos 10 anos e vai ter direito a festa de aniversário neste sábado.
As comemorações começam às 15h, com uma sessão especial na Culturgest, que reúne seis curtas, e prossegue às 16h, a poucos metros da sede da CGD, no jardim do Palácio Galveias. Com entrada livre, e antes do bolo de aniversário, há mais de duas horas animação, entre actividades lúdicas e um concerto da banda They’re Heading West.