Hospitais algarvios querem pagar mais para atrair médicos

Depois da Ordem dos Médicos ter traçado um quadro negro no acesso aos cuidados de saúde no Algarve, o presidente do Conselho de Administração do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes, garantiu ao SOL que só há duas formas de resolver o grave problema de falta de médicos na região: “Ou o ministro da Saúde…

Hospitais algarvios querem pagar mais para atrair médicos

O responsável do CHA, que inclui os hospitais de Faro e Portimão, admite estar preocupado e sublinha que não há qualquer sinal de melhoras. “Ainda há dias, o Ministério da Saúde abriu 42 vagas para anestesistas e atribuiu apenas uma ao Algarve, onde só há 30 destes especialistas para as duas urgências”, diz, referindo que, apesar de terem actualmente muitos mais anestesistas, o “Hospital de Santa Maria, em Lisboa, ficou com seis vagas e os Hospitais de Coimbra com tantas outras”. 

Segundo dados avançados pela Ordem dos Médicos, faltam no Algarve mais de 250 clínicos, estando em riscos o acesso à saúde durante o verão, altura em que a população da região triplica. Pedro Nunes adianta que a carência de profissionais sente-se em todas as áreas, com especial gravidade em anestesia, obstetrícia e nas urgências, nomeadamente no que se refere a médicos de clínica geral e familiar. 

Por isso, o director do CHA defende que estas regiões possam pagar mais aos clínicos que contratam à tarefa do que o previsto tabela nacional, segundo a qual os especialistas recebem 30 euros por cada 60 minutos e os não especialistas 25. “Se recebem igual em Lisboa, Porto ou Coimbra, que incentivo têm em vir para o Algarve”, argumenta Pedro Nunes, admitindo que é difícil ao ministro da Saúde arranjar verbas nesta altura. 

Sabendo que se aproxima a fase mais critica do Verão – entre 15 de Julho e 30 de Agosto – o presidente do CHA espera que Paulo Macedo arranje uma solução até lá. Mas aproveita para lembrar que é urgente resolver o problema de fundo e não apenas nos meses quentes do ano. “Tem de se resolver pois cada vez é mais grave”, avisa, considerando que tudo “resulta da ideia do anterior ministro Correia de Campos” de fazer depender o financiamento da produção: “Quem tem mais médicos, faz mais e recebe mais, quem tem menos, vai ficando cada vez pior”.

catarina.guerreiro@sol.pt