Quantos aviões já caíram este ano?

O desastre aéreo deste domingo no Irão é o sexto grave incidente envolvendo aviões comerciais em 2014. Que, no entanto, não é o ano mais mortífero de sempre.

Sem contar com a queda de aviões militares em cenários de guerra nem com acidentes envolvendo pequenas aeronaves, 2014 contabiliza seis grandes incidentes – quatro deles ocorridos desde 17 de Julho.

Este Verão, a maior perda de vidas nos céus mundiais aconteceu nesse, quando o voo 17 da Malaysia Airlines foi abatido no leste da Ucrânia, supostamente por um míssil terra-ar disparado pelos rebeldes pró-russos. Morreram 298 pessoas, a maioria de nacionalidade holandesa. O desastre agravou a crise ucraniana e isolou a Rússia, acusada de auxiliar os rebeldes separatistas. As companhias aéreas deixaram de sobrevoar a região, bem como outros palcos de conflito.

Seguiu-se a queda de um avião da TransAsia em Taiwan, a 23 de Julho, sob uma enorme tempestade. Dez dos 58 ocupantes do ATR 72-500 sobreviveram ao desastre.

Um dia depois, um MD-83 da Swiftair ao serviço da Air Algérie que ligava a capital do Burkina Faso à Argélia caiu no deserto maliano. Apesar do território também ser um local de actividade armada, as primeiras investigações apontam uma tempestade súbita como a provável causa do acidente. Das 116 vítimas mortais, 52 eram francesas e seis eram espanholas. A informação inicial de que uma sobrinha de Fidel Castro seguia a bordo foi entretanto desmentida.

O quarto grave acidente deste Verão é o do Iran-140 (uma versão iraniana do Antonov An-140) deste domingo. O avião da Sepahan Air caiu numa zona residencial perto do aeroporto de Mehrabad. Ligava a capital Teerão à cidade de Tabas, no leste do país, e tinha acabado de descolar. Morreram pelo menos 40 pessoas.

Os acidentes aéreos são frequentes no Irão devido ao embargo internacional que impede a importação de peças para os aviões. Muitas aeronaves acabam por ser ‘remendadas’ com peças não autorizadas pelas autoridades aeronáuticas internacionais.

Até ao Verão, havia registo de outros dois acidentes aéreos graves em 2014. O primeiro envolvendo um DHC-6 da Nepal Airlines que se despenhou nas montanhas daquele país, matando 18 pessoas, a 16 de Fevereiro.

O segundo acidente do ano é o que está envolto em maior mistério. A 8 de Março, um Boeing 777 da Malaysia Airlines – igual ao que foi abatido na Ucrânia – terá desaparecido no extremo sul do Oceano Índico, completamente fora da rota que o deveria ter levado da capital malaia Kuala Lumpur para Pequim, na China. Tudo o que há até ao momento são indícios, mas não provas, de que terá caído sudoeste da Austrália, arrastando para a morte os 239 ocupantes. Porquê? As teorias abundam – um acto de pirataria aérea, o suicídio de um membro da tripulação ou a morte por asfixia de todos os ocupantes devido a um problema técnico são as mais credíveis.

Ao todo, contabilizando estes e outros acidentes menores, mais de 800 pessoas morreram em desastres aéreos em 2014. A sucessão de notícias pode levar o leitor a pensar que este é um dos piores anos de sempre para andar de avião, mas tal noção não corresponde à realidade. O ano de 1973 é considerado o pior, com 2429 vítimas mortais, seguido de 1985, com 2331 mortes em acidentes aéreos. O ano passado – 2013 – tinha sido o mais seguro de sempre, contribuindo talvez para o ‘choque’ sentido pela opinião pública mundial perante os mais recentes desastres.