Igualmente surpreendido tinha eu ficado uns meses antes quando, num golpe de sorte, apanhei um documentário que passou na RTP2 à uma da manhã de uma sexta-feira. O seu protagonista era a baleia da Gronelândia, de certa forma o oposto da enguia – um animal maciço e colossal – mas igualmente longevo. Estas baleias atingem 20 metros de comprimento e pesam cem toneladas. Têm outras características impressionantes. Uma delas é o facto de por vezes, quando são arpoadas, entrarem em pânico. Nadam até ao fundo do mar a toda a velocidade, partem o maxilar e morrem. Outra é a longevidade. A mais velha baleia da Gronelândia alguma vez capturada tinha 211 anos! Segundo o documentário, esse exemplar tinha nascido por alturas da Revolução Francesa, assistido ao aparecimento do navio a vapor em 1857 (que introduziu o primeiro ruído artificial no mar) e atravessado o período áureo (ou negro, consoante o ponto de vista) da caça à baleia, vindo a morrer já no século XXI.
Há quem acredite que a baleia da Gronelândia é o animal que vive mais tempo, mas um top ten que consultei coloca em primeiro lugar uma amêijoa. E o molusco vence por uma grande distância: aparentemente tem uma esperança de vida de mais de 400 anos, havendo registo de um exemplar que se estima ter vivido 507 anos.
E quanto a esses outros animais chamados humanos? Jornais de todo o mundo noticiaram esta semana que a mexicana Leandra Becerra Lumbreras se tornou a primeira pessoa de sempre a completar 127 anos de vida, batendo o recorde que era detido pela francesa Jeanne Calment. Leandra terá nascido a 31 de Agosto de 1887, dois anos antes de Adolf Hitler! Segundo os familiares, alimenta-se bem e por vezes dorme três dias a fio. Aliás, dormir muito é um dos seus segredos (outro é nunca ter casado).
No estranho mundo das pessoas muito velhas há mais casos intrigantes. Um dos meus favoritos é o do chinês Li Ching-Yuen, falecido em 1933, de quem se dizia ter nascido em 1736 ou até mesmo 1677 (atente-se ao rigor dos cálculos: entre as duas datas há um 'pequeno desfasamento' de 59 anos). A verificar-se esta última hipótese, teria vivido nada menos do que 256 anos.
Mais plausível – mas ainda assim suspeito – é o caso de Shirali Muslimov. Falecido em 1973, este pastor possuía um passaporte que o dava como nascido no ano de 1805. Vivia numa região montanhosa do Azerbeijão, perto da fronteira iraniana, e aos 160 anos (a acreditar na data do passaporte) ainda cortava lenha.
Muitos, compreensivelmente, porão em causa estes números. Mas se uma pobre enguia pode viver até aos 155, por que não pode um homem robusto passar dos 160 anos?