Além dos dois títulos que deixaram de ser negociados no principal índice da praça lisboeta (PSI20), após o colapso do império Espírito Santo – o ESFG era o maior accionista do Banco Espírito Santo (BES) – o ano de 2014 foi negro para uma série de cotadas que perderam grande parte do seu valor, com a Portugal Telecom (PT) à cabeça.
A operadora de telecomunicações liderou a lista de desvalorizações ao baixar 73% em 2014, seguida pelo BCP, que caiu 61%, e pelo Banif, que regrediu 46%.
Seguiu-se-lhes a Jerónimo Martins, um dos pesos pesados do mercado português, que desceu 42% em apenas 12 meses.
A Mota-Engil caiu 39%, a Galp Energia (outro dos títulos com maior peso sobre o PSI20) desvalorizou 29% e a Impresa recuou 28%.
A Teixeira Duarte e o Banco BPI também registaram quedas significativas, com a construtora a perder 20% e a entidade liderada por Fernado Ulrich a cair 16%.
Com quedas mais suaves, e a fechar o lote de descidas, estão a NOS (-3%) e a Sonae (-2%).
Quem escapou às perdas foram os CTT, que avançaram 43% e lideraram os ganhos na bolsa portuguesa, seguidos de perto pela EDP Renováveis que cresceu 40% e pela Semapa que subiu 23%.
Já a EDP, um dos pesos pesados do PSI20, progrediu 21% e impediu uma desvalorização superior do PSI20.
A fechar a lista dos títulos que valorizaram em 2014 surgem a Altri (11%), a REN (8%) e a Portucel (6%).
Em termos de índices, a nível global, o melhor desempenho coube à praça chinesa de Shangai, que cresceu 49%, seguida pela Venezuela (41%) e pelo Paquistão (34%).
Do lado negativo, o pódio foi composto pela Rússia, que caiu 45%, pela Ucrânia, que baixou 41%, e pela Grécia, que recuou 38%. Depois da Grécia surge o índice português, que caiu 27%.
Em Portugal, após o fraco desempenho de 2014, os especialistas esperam que o novo ano traga uma onda positiva.
"Após um ano 'horribilis' a tendência será de recuperação, à medida que o Banco Central Europeu (BCE) intervém nos mercados de dívida e que o sector financeiro demonstra mais solidez", antecipou à agência Lusa Pedro Lino, presidente da Dif Brokers.
"A bolsa e a economia deverão ser impulsionadas pelo consumo, se o preço do petróleo se mantiver nestes níveis, com benefício para as distribuidoras. No entanto, a volatilidade estará presente à medida que as eleições se forem aproximando", anteviu.
Segundo o responsável, em Portugal, "os sectores em destaque deverão ser o financeiro, com a venda do Novo Banco a marcar a agenda, e a distribuição, já que o consumo interno deve registar a maior subida dos últimos cinco anos".
Porém, caso haja uma estabilização do preço do petróleo, o especialista prevê que haja uma recuperação nas acções ligadas ao sector energético.
Quanto aos grandes temas que vão marcar o andamento dos mercados em 2015, Pedro Lino apontou para as intervenções do BCE, a subida das taxas de juro nos Estados Unidos (EUA), as eleições nos países europeus periféricos – Portugal incluído -, para além dos riscos geopolíticos que "vão continuar a assombrar a recuperação europeia".
Lusa/SOL