«É uma trilogia informal. Peças independentes que são da mesma família. São assinadas em nome individual e estão sempre a propor uma dupla dimensão: a biografia e um fundo político-social que tem a ver com uma certa geografia», explica o actor e autor. Até ter começado a fazer Tear Gas (o único em estreia), ainda não tinha pensado nesta relação com Eurovision (2005) e com Israel (2011) que agora se alinha em palco (domingo até dá para ver todas de seguida).
«Eurovision é uma busca da identidade europeia através da multi-referencialidade, Israel é a relação de duas pessoas a partir do conflito israelo-árabe e Tear Gas é uma história de amor que acaba mal no meio dos tumultos de Atenas». A ideia não é fazer teatro documental ou político, e não interessa escolher um dos lados do conflito ou defender o Syriza ou a Aurora Dourada. Para Pedro Penim, Atenas devia ter sido apenas o cenário de um romance: «Quase como se os deuses gregos me empurrassem para este destino. Até a Ilíada, que me inspirou na construção formal, tem isso: é depois de perder Pátroco que Ulisses se deixa tomar pela cólera. É isso que faz a história avançar».
Tratando-se de Teatro Praga, a Homero ainda se junta a música dos Abba, filmagens de estátuas clássicas combinam com óculos de sol, e todas as referências se misturam. Como na Europa. «Há essa esquizofrenia. A ideia de identidade trai-te, é uma impossibilidade».