"Um Presidente da República de bom senso não deve entrar em lutas político-partidárias e o Presidente da República está acima dos partidos, das polémicas que eles desenvolvem, mas convida-os a resolverem os problemas do país", repetiu por diversas vezes aos jornalistas quando questionado sobre a polémica que envolve Passos Coelho.
Cavaco Silva assinalou que Passos Coelho "deu as explicações que entendia dever dar", escusando-se a comentar porque, disse: nunca revelo em público as conversas que tenho com o primeiro-ministro".
Afirmando ter "muita experiência para saber distinguir entre aquilo que são jogadas político-partidárias e o que são outras matérias" o chefe de Estado apelou aos partidos políticos que "se concentrem na resolução dos reais problemas do país".
Pediu ainda aos partidos que "evitem crispações de forma a que no pós-eleições existam condições para assegurar a estabilidade política, a governabilidade do país e uma solução governativa que seja consistente e coerente".
"É aí que os partidos devem colocar o seu esforço", frisou o chefe de Estado para quem "é matéria dos comentadores políticos, é esse o seu ofício, o seu modo de vida, comentar todo o tipo de polémicas político-partidárias".
Cavaco Silva falava à margem de uma cerimónia de comemoração dos 125 anos da Unicer que contou também com a presença do ministro-adjunto e do Desenvolvimento Regional, Miguel Poiares Maduro.
No sábado passado, o jornal Público noticiou que Passos Coelho esteve cinco anos sem pagar contribuições para a Segurança Social, entre 1999 e 2004, o que o primeiro-ministro justificou com a falta de conhecimento dessa obrigação legal, declarando que já pagou entretanto o montante em dívida, apesar de prescrito.
Na terça-feira, no encerramento das jornadas parlamentares do PSD, no Porto, o primeiro-ministro e presidente dos sociais-democratas alegou que querem expor a sua vida fiscal e, admitindo a entrega de "declarações fora de prazo", afirmou que não é "um cidadão perfeito", mas que nunca usou o lugar de primeiro-ministro "para enriquecer".
Na sexta-feira, em Vimioso, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou que já respondeu às perguntas colocadas pelos deputados, reafirmou que não tem dívidas e disse não se orgulhar das falhas na sua carreira contributiva.
Em repostas a perguntas do PCP e do PS, às quais a agência Lusa teve acesso, Pedro Passos Coelho reitera que julgava que as contribuições para a Segurança Social à época – entre 1999 e 2004 – "não eram devidas", adiantando que pela mesma razão "também não as declarou em sede de IRS".
O PCP considerou que as respostas dadas pelo primeiro-ministro sobre a sua relação com o sistema de Segurança Social "adensam as suspeições" e requerem uma avaliação do Presidente da República sobre a ausência de regular funcionamento das instituições.
Lusa/SOL