Parece que o actor Ben Affleck, conhecido pelas suas lutas a favor dos direitos humanos, tem entre os seus ancestrais gente das propriedades algodoeiras e do esclavagismo (não se sabe se dos bonzinhos, se dos piores).
Ora um programa de TV intitulado À Descoberta das Suas Raízes quis tratar dele, mas o actor pôs como condição não falar desses ancestrais. Compreendo-o perfeitamente: ele é claramente contra a escravatura, mas preferia não ser obrigado a criticar a famíliares em público.
Talvez admita que devesse ter ido por outro caminho, Tanto mais que o mundo ‘es un pañuelo’ (como dizem os espanhóis), e as coisas acabam por se saber, sobretudo se forem de alguém muito conhecido, ainda por cima com 2 Óscares da Academia. Talvez não tivesse sido pior encarar o problema, e dizer a sua posição, contextualizando os antepassados esclavagistas (porque os tempos, e sobretudo ‘os ares do tempo, explicam muitas posturas).
Mas nestes tempos em que ninguém defende o direito à intimidade de ninguém, uma organização fascistóide chamada WikiLeaks roubou uma quantidade de documentos da Sony, onde constavam estes, e desatou a divulgá-los, com o seu espírito fascistinha e persecutório.
Para mim, importa mais o que Ben Afffleck é – defensor dos direitos humanos – do que o que foram os seus ancestrais – esclavagistas. Talvez até lhe dê agora maior valor. Mas preferia ver respeitado certo direito à intimidade das pessoas, sobretudo quando as coisas não se referem a elas, mas a antepassados de cujas posições não têm responsabilidade – sobretudo não as seguindo.