O dilema dos muçulmanos a passarem o Mediterrâneo

Como católico, custa-me contrariar o Papa Francisco. E não esqueço que ele foi a Lampedusa, nem o que disse sobre a forma como a Europa trata (ou destrata) as pessoas que tentam atravessar o Mediterrâneo, abandonando os horrores de África.

Depois, fico a pensar que muita desta gente que vem por ali fora é do pior que nos pode calhar, e odeia-nos verdadeiramente. Curiosamente, os mesmos jornais e jornalistas europeus que se indignam com um crucifixo na sala de aula, com o argumento da laicidade, berram imenso por não se querer deixar as muçulmanas que cá vêm viver, mas recusam qualquer integração social ou cultural, usarem burkas nas salas de aula – com o argumento da liberdade!

Em suma, para os jornais europeus, liberdade só para os muçulmanos e quejandos, enquanto os cristãos ficam obrigados a sujeitarem-se às leis da laicidade.

Depois, quando vi que num dos barcos que vinham de África os muçulmanos deram-se ao luxo de matar e afogar 12 cristãos que com eles de lá vinham – fiquei ainda de pé mais atrás. O que aconteceria aos cristãos todos apanhados a jeito em qualquer lugar, se um único beliscasse um muçulmano num barco a caminho de um país muçulmano?
E finalmente, pelas reportagens de TV, reparo que só cá chegam, praticamente, homens, e muito corpulentos, que nos odeiam por tudo e por nada: por terem de comer esparguete (e eu a pensar que vinham como fome e até ficavam agradecidos, como eu fico sempre que vejo um prato de esparguete à minha frente), por acharem pouco o dinheiro que lhes dão sem fazerem nada (e eu a pensar que em África tinham menos dinheiro), enfim, por tudo e por nada. E não quero fazer de um o todo. Mas não esqueço que não vi nenhum muçulmano, mesmo dos menos radicais, defender os direitos da mulher – nem me lembro de nenhum verdadeiramente indignado com as Torres Gémeas e o 11 de Setembro.

Finalmente, sabemos que no alto mar, em caso de desespero, as primeiras pessoas a serem lançadas para a morte são as mulheres e as crianças (não havendo cristão à vista, claro), nem que seja trancadas no porão de um barco que se afunda.

Enfim: ando de pé atrás com essa gente – e com os ares do tempo que falam pelos nossos jornalistas e comentadores. Talvez se justificasse mais lutar contra tal gente, do que recebê-la com extremos de carinho. E insisto que me sinto mal com o assunto. Mas não consigo deixar de matutá-lo – ficando satisfeito apenas por uma coisa: saber que vou contra os ares dos tempos e o pensamento maioritário expresso (talvez não corresponda ao substancial) na nossa Europa.