Grécia. Merkel e Hollande dizem que ‘porta mantém-se aberta às discussões’

O Presidente francês, François Hollande, e a chanceler alemã, Angela Merkel, afirmaram hoje que “a porta mantém-se aberta às discussões” com a Grécia, após o ‘Não’ no referendo, mas exigem “propostas sérias”, que ponham termo à crise. 

"A porta mantém-se aberta às discussões […] Cabe ao governo [grego] fazer propostas sérias e credíveis", afirmou Hollande em conferência de imprensa, após um encontro com Merkel, no palácio do Eliseu, em Paris.

Os gregos rejeitaram no domingo, em referendo, por ampla maioria (61,34%), as propostas dos credores internacionais, (instituições europeias e Fundo Monetário Internacional), agravando o clima de incerteza na zona euro.

"Vamos agora aguardar as propostas muito claras do primeiro-ministro grego […] é urgente ter este tipo de propostas, para que possamos encontrar uma saída para a situação atual", afirmou, por seu turno, Angela Merkel.

De acordo com a agência de notícias grega ANA-MPA, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e a chanceler alemã falaram hoje pelo telefone, tendo concordado com a apresentação de novas propostas de Atenas na cimeira de líderes de terça-feira.

Este acordo entre Atenas e Berlim surge depois de dois porta-vozes do Governo alemão terem dito esta manhã que não estavam ainda reunidas as condições para novas conversações e descartado a possibilidade de negociações sobre uma reestruturação da dívida grega.

Merkel e Hollande afirmaram, em conjunto, que "registaram" a rejeição dos gregos no referendo de domingo às propostas dos credores, mas salientaram que há outros 18 países cuja opinião também deve ser tida em conta.

O Presidente francês insistiu que a intenção é aprovar um programa duradouro, e não apenas uma correção temporária, cujo objetivo é o de encontrar um equilíbrio entre solidariedade e responsabilidade.

"A Europa não pode ser apenas uma construção económica. É um conjunto assente em valores e numa conceção do mundo", sustentou Hollande.

Merkel, por seu lado, referiu que a última proposta apresentada a Atenas era já "muito generosa", pelo que agora é preciso aguardar pela reação dos restantes países da moeda única com os quais é partilhada "a soberania".

Já hoje, o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, decidiu demitir-se, a pedido do primeiro-ministro e para o final do dia está agendado um encontro entre os chefes de Estado francês e alemão para discutir a crise atual.

Na sequência dos resultados do referendo, está também agendada para terça-feira uma cimeira extraordinária da zona euro, antecedida de uma reunião do Eurogrupo.

Lusa/SOL