Ainda recentemente, estando eu de férias na minha casa da Foz do Arelho, perto das Caldas da Rainha, e sem os remédios para a tensão arterial (que o médico me disse não poder passar nenhum dia mais da vida sem os tomar, com risco de AVC ou enfarte imediato em caso de falta), dirigi-me ao Centro de Saúde desta cidade para resolver o problema. Depois de muito tempo numa bicha de atendimento de doentes, mandaram-me para outra. E, nesta última, depois de mais tempo noutra bicha, informaram-me não haver já ali consultas de última hora, porque centralmente tinham acabado com elas, restando-me como única hipótese para solucionar o meu problema ir às urgências do Hospital das Caldas.
E o Governo, que criou esta situação, admira-se por as pessoas lhe encherem as urgências hospitalares? Pessoalmente, tenho saudades dos tempos em que havia consultas de última hora (semi-urgâncias) nos centros de saúde. Como tenho saudades dos tempos em que o Estado ainda não tinha burocratizado completamente a Medicina (com efeitos também na privada), e conseguíamos chamar um médico de repente (como se faz no estrangeiro, onde vivi a usar esse experiente, enquanto isso cá acabava).
Vi entretanto que a Ordem dos Médicos divulgou um comunicado a culpar este Governo, e a sua falta de aposta nos Centros de Saúde e nos cuidados primários, pelo excesso de ocupação das urgências hospitalares. Les beaux esprits…