Campanha sem propostas diferentes

Havia uma lei que pretendia democratizar as campanhas eleitorais, obrigando os meios de comunicação a acolherem propostas diferentes, com o mesmo realce das antigas. Claro que essa lei, com meandros incontroláveis, permitiu o aparecimento de velhas propostas e velhas figuras, a aproveitarem as campanhas eleitorais para se imporem aos meios de comunicação, e assim aparecerem…

Os partidos do poder, preocupados em não hostilizarem os meios de comunicação, sobretudo em época de campanhas, decidiram fazer uma relativa concessão a estes, defendendo ao mesmo tempo os seus interesses imediatos. E assim acabamos com a última proposta das Televisões aos partidos (3 frente-a-frentes Costa-Passos, mais uma geraldina a que todas têm acesso). Entretanto, ficamos a saber que os partidos estão dispostos a cederem em tudo, mas que o CDS por exemplo exige aparecer isolado.

Exactamente, o mesmo CDS que aceitou candidatar-se em coligação, e que como tal aceitou guardar as propostas próprias, para subscrever eleitoralmente as da coligação. Mas ficamos a saber que este CDS coligado (e portanto sem poder ter propostas próprias, devendo sujeitar-se à liderança da coligação, tal como foi estabelecida) tem mais possibilidades de tratamento jornalístico independente do que eventuais novas propostas nunca testadas eleitoralmente. E temos de nos conformar com esta democracia cada vez menos democrática.