Os dois clubes foram comprados nos últimos anos por bilionários muito próximos do empresário português. E, não por acaso, são treinadas por dois técnicos nacionais – o Mónaco por Leonardo Jardim e o Valência por Nuno Espírito Santo.
Começando pelos franceses. Desde que o oligarca russo Dmitry Rybolovlev comprou o clube do principado, em 2013, Jorge Mendes assumiu-se logo como parceiro preferencial. Só no primeiro defeso, o russo deixou em Portugal mais de 100 milhões de euros, quase na totalidade para os cofres do FC Porto. Falcao, James Rodríguez e João Moutinho foram transferidos por 130 milhões, segundo dados do Transfermarkt. Com a taxa habitual de 10%, os números representam comissões para o empresário superiores a 10 milhões de euros.
Elderson e Fabinho (Rio Ave), Ricardo Carvalho, Bernardo Silva e Ivan Cavaleiro viriam a engrossar a lista de jogadores do Mónaco provenientes de Portugal, sempre com Jorge Mendes envolvido nos negócios. Ao todo, o Mónaco já investiu 168,25 na liga portuguesa desde a chegada de Rybolovlev, que curiosamente foi ausência notada no casamento do ‘super-empresário’, que se realizou no Porto no início do mês.
Presente e com lugar de destaque – foi, juntamente com a mulher, o padrinho do noivo – esteve o proprietário do Valência, Peter Lim. O milionário tailandês estava em processo de aquisição do clube há um ano, durante a janela de transferências, o que fez com que muitos dos negócios que fez com Mendes tivessem caracter temporário. Foi o que aconteceu aos benfiquistas Rodrigo, André Gomes e João Cancelo, que trocaram a Luz pela capital da Comunidade Valenciana a título de empréstimo.
Mas ainda na primeira metade da época, o tailandês tornou-se dono e senhor do clube que deu o cargo de treinador a Nuno Espírito Santo quando o currículo deste contava apenas com uma passagem pelo Rio Ave. Em Janeiro deu-se a primeira grande compra em Portugal, com Enzo Pérez a rumar a Espanha a troco de 25 milhões de euros.
Poucos meses depois, os emprestados tornavam-se reforços definitivos: André Gomes e João Cancelo renderam 15 milhões cada, metade do valor obtido pelo Benfica na venda de Rodrigo. Ao mesmo tempo, também o Sp. Braga recebeu 15 milhões pela venda do brasileiro Danilo. Somando também os 12 milhões investidos em Otamendi, ex-central do FC Porto, chega-se à conclusão que, num ano, Mendes fez o seu amigo bilionário deixar 112 milhões na Liga Portuguesa. Mais uma vez, o suficiente para amealhar mais de 10 milhões em comissões.
Seja qual for o resultado do playoff de acesso à Liga dos Campeões, Jorge Mendes já sabe que terá activos avaliados em mais de 100 milhões de euros fora da maior montra do futebol europeu. Uma sorte madrasta mas que se torna quase inevitável para um homem com cada vez mais poder no futebol do Velho Continente.