O ex-analista de sistemas que trabalhou para a Agência de Segurança norte-americana (NSA) e que denunciou o esquema de vigilância eletrónica desta instituição a cidadãos norte-americanos e europeus (neste caso, até a chefes de Estado) pode receber asilo na Europa.
Exilado na Rússia desde 2013, para onde seguiu depois de o governo norte-americano o ter acusado de traição, Edward Snowden foi objeto de uma votação no Parlamento Europeu (PE) que permite que lhe seja retirado, no Velho Continente, o pedido de extradição para os EUA. De acordo com o comunicado emitido pelos eurodeputados, a deliberação permitirá «revogar todas as acusações criminais contra Edward Snowden, garantir-lhe proteção e, consequentemente, impedir a sua extradição por terceiros, em reconhecimento do seu estatuto de denunciante e defensor dos direitos humanos”.
A votação, ainda assim, foi obtida por curta margem, com uma diferença de apenas quatro votos, 285 a favor e 281 contra. Ao mesmo tempo, o PE votou outra deliberação, que permite defender a informação eletrónica dos cidadãos europeus de ser transferida para terceiros. Ou seja, os EUA podem pedir a transferência de dados de qualquer cidadão da UE sem quaisquer restrições. Quanto a Snowden, resta ao PE, com base no resultado desta votação, apelar à Comissão Europeia que reveja o estatuto do analista de sistemas em território europeu.
Snowden, que recomeçou a ‘falar’ publicamente em setembro através de uma conta de Twitter, reagiu à decisão através desta rede social, qualificando-a de “extraordinária”. O norte-americano tinha pedido asilo a 21 países, segundo o Wikileaks, incluindo três europeus, mas os apelos foram negados. A Rússia concedeu-lhe o estatuto durante um ano, prolongando-o por mais três. Mas Snowden manifestou frequentemente a vontade de sair do país de Putin para outras paragens, na Europa.