"Agora é que temos mesmo de nos mobilizar em torno de uma candidatura independente, capaz de defender a Constituição e os seus valores. Prometo-vos, a todos aqui presentes, que serei o Presidente da Constituição. É um compromisso, definitivo, que assumo perante os portugueses", vincou.
Sampaio da Nóvoa falava em Lisboa, num jantar-comício tido numa escola nos Olivais.
As presidenciais, assinalou, "são o único ato eleitoral unipessoal" do sistema político português e "num momento decisivo" para futuro de Portugal, "no qual o papel do Presidente da República é determinante, cada candidato deve mostrar, pelo exemplo concreto, o que faria como Presidente", defende.
"Há quem queira agradar a gregos e troianos, tentando equilibrar-se numa corda bamba que nunca se sabe para que lado vai pender. Falou e falou ao longo dos anos, deu notas e conselhos, antecipou cenários, e agora limita-se a dizer: 'É preciso esperar para ver'. Esperar, o quê?! Quando já tanto se sabe, trata-se, não de esperar, mas de decidir com coerência e imparcialidade", disse, sem nunca referir o nome de outros candidatos a Belém, nomeadamente Marcelo Rebelo de Sousa.
António Sampaio da Nóvoa lembrou a sua intervenção em 2012 no dia de Portugal, um momento que muitos recordam como emblemático, e onde o docente e antigo reitor falou por exemplo das fraturas entre gerações, empregados e desempregados ou trabalhadores públicos e privados.
Esta conflitualidade, adverte, "está, agora, também na política, porque se puseram em causa, nos últimos anos, as bases que sustentam as sociedades democráticas, com a destruição da classe média, com a erosão de um centro moderado e equilibrador".
Nesse sentido, prosseguiu, um governo de gestão, "durante longos meses e sem orçamento, é inconstitucional" e pode "arrastar perigos graves de degradação da democracia".
"É preciso dar posse a um Governo de maioria parlamentar", frisou o candidato, que aproveitou também para criticar o que chamou de "manobras de diversão inaceitáveis como a recente proposta de revisão instantânea da Constituição" da parte do líder do PSD, Pedro Passos Coelho.
"Tenho como profissão o ensino, e como obrigação a cidadania. Os portugueses contam comigo, com isenção, com imparcialidade, para agir pelo bem comum, e não por interesses particulares. É esse o meu compromisso, é com esse compromisso que serei um Presidente de todos, com todos, um Presidente da cidadania", realçou Sampaio da Nóvoa.
No jantar-comício desta noite houve também intervenções da dirigente e deputada socialista Ana Catarina Mendes, do antigo secretário-geral da CGTP, Manuel Carvalho da Silva, e da presidente da Junta de Freguesia dos Olivais, Rute Lima.
Presentes estiveram ainda outras figuras da área socialista, casos de Edite Estrela, Gabriela Canavilhas, Paulo Pedroso ou o histórico Edmundo Pedro, o fundador do Partido Livre (força política que apoia formalmente Sampaio da Nóvoa), Rui Tavares, o capitão de Abril Vasco Lourenço, o constitucionalista Jorge Miranda ou o músico Júlio Pereira.
No começo do jantar foi feito pelos presentes – mais de 700 – um minuto de silêncio em memória das vítimas dos atentados de sexta-feira em Paris.
"Há muitas maneiras de começar um convívio, mas hoje só havia uma: o silêncio. O silêncio que nos junta, solidários, contra a barbárie", assinalou Sampaio da Nóvoa.
Em dias assim, "desgraçados", cada cidadão "deve assumir a sua própria responsabilidade, pela liberdade de todos".
"Em dias assim, temos de nos manter vigilantes contra todos os extremismos. A nossa resposta tem de ser mais democracia, mais direitos fundamentais, mais Estado de Direito", prosseguiu o candidato.
Lusa/SOL