Espanha: Rajoy espera ‘fracasso socialista’

Mariano Rajoy recusou o pedido do rei de Espanha para formar governo, que foi aceite por Pedro Sánchez. Rajoy espera agora o “fracasso socialista”.

Espanha: Rajoy espera ‘fracasso socialista’

A 20 de dezembro o Partido Popular (PP) de Espanha ganhava as eleições legislativas mas sem maioria. E até hoje, apesar das várias tentativas, Espanha ainda não tem governo.

Numa tentativa de acelerar o bloqueado processo de formação de governo no seu país, o rei de Espanha, Felipe VI, pediu esta semana ao líder do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), Pedro Sánchez, que tentasse compor um gabinete, depois de Mariano Rajoy ter recusado o mesmo pedido por não obter os apoios que esperava e precisava para conseguir a aprovação do Congresso.

Sánchez aceitou o convite do rei de Espanha, pedindo-lhe então um mês para conseguir formar governo com apoio parlamentar, prometendo negociar «da esquerda à direita» a fim de conseguir pôr fim ao impasse político em Espanha. E pediu o apoio dos restantes partidos.

Ainda assim, a posse de um Executivo presidido pelo socialista Pedro Sánchez será dificultada, garantiu esta quinta-feira, Mariano Rajoy. «Nós [PP] votaremos não, convém deixar claro, à posse do senhor Sánchez», afirmou Rajoy, perante os deputados do PP.

Mas há quem acredite que sem o apoio dos conservadores, não será possível formar Governo. «Não se pode avançar sem a participação do PP», garantiu Albert Rivera, o líder do Ciudadanos, que mantém reuniões paralelas com Rajoy e Sánchez.

O maior problema que o líder do PSOE enfrenta neste momento é exatamente a colaboração entre partidos para que o governo possa ser formado, uma vez que nem todos querem trabalhar em conjunto.

Ontem, Sánchez esteve reunido com o líder do Podemos, Pablo Iglesias, que se recusa a negociar enquanto o dirigente socialista continuar em contactos com Rivera e assegura que votará não a um pacto entre PSOE e Ciudadanos. «Não trabalharemos para ter um governo espanhol com a direita», garantiu Iglesias, exigindo ainda a Sánchez que escolhesse entre a esquerda e os conservadores. «Se o PSOE quer trabalhar nesse sentido, estamos prontos de imediato. Mas se pensam que pode virar à direita ao mesmo tempo que planeia a outra opção, nós não estamos de acordo com isso», referiu o secretário-geral do Podemos.

O líder do PSOE pediu então a Iglesias que reconsidere «porque a vocação do Partido Socialista é contar com o maior número de apoios possíveis». Sánchez prometeu ainda não fechar as portas ao Podemos, avançando que há algo que os une a todos: «acabar com o governo de Mariano Rajoy e do PP».

Para Pablo Iglesias e Mariano Rajoy, que recusam trabalhar juntos, só há duas opções: ou um governo PP, PSOE e Ciudadanos, na opinião de Rajoy; ou um governo do PSOE, Podemos e Esquerda Unida, segundo Iglesias.

Sondagem

Se o líder socialista não conseguir formar Governo dentro do prazo estipulado – 30 dias – Espanha terá de convocar novas eleições.

Se tal acontecer, os resultados não seriam muito diferentes dos obtidos a 20 de dezembro. A última sondagem realizada no país, na quinta-feira, revelou que, caso houvesse novas eleições, o Podemos ficaria à frente do PSOE e Mariano Rajoy ganharia novamente a preferência dos eleitores. Já o Ciudadanos conquistaria o quarto lugar. Mas apesar das diferenças os números parecem indicar que a repetição do voto não facilitará a formação de alianças.

Pedro Sánchez mantém a intenção de se reunir com Mariano Rajoy na próxima semana. E já aproveitou para deixar uma mensagem ao líder do PP, pedindo que «pegasse no telefone» e lhe ligasse.

daniela.ferreira@sol.pt