Costa, nem Syriza nem bom aluno

António Costa apresentou hoje o Orçamento do Estado para 2016, assumindo-o como a “prova que há sempre alternativa”.

"Sem bravatas inconsequentes e sem nos menorizarmos como alunos", afirma Costa, defendendo que o documento que hoje será votado pela Assembleia da República que repudia a atitude de bom aluno da Europa, mas afasta-se também de reivindicações à Syriza.

Durante todo o discurso, o primeiro-ministro tentou sempre demonstrar que o seu Orçamento faz o equilíbrio entre as boas contas exigidas pela Europa e a reposição de rendimentos.

"Este, como sabemos, é só o primeiro OE desta legislatura mas é também o primeiro OE em muitos anos que cumpre a Constituição e o compromisso de não cortar salários e pensões e de não aumentar impostos que o Governo prometeu não aumentar", frisou Costa, defendendo que "este é o OE que repõe a normalidade constitucional".

"Palavra dada é palavra honrada", declarou, provocando uma sonora gargalhada nas bancadas da direita. "Eu sei que não estão habituados", reagiu o primeiro-ministro, que quer "vencer o défice de confiança", através de "segurança jurídica e previsibilidade da política económica".

"O que nos distingue são as políticas e as medidas que adotámos para assegurar a consolidação orçamental",sublinhou Costa, que acha por isso normal os votos contra de PSD e CDS, mas diz querer ver as propostas da direita.

"Espero por isso que a oposição que tanto critica o Orçamento tenha a frontalidade de aqui apresentar a sua alternativa", lançou, ao mesmo tempo que das bancadas da direita se ouvia um "querias".

Costa recuperou, de resto, um discurso que tem feito desde a apresentação do Orçamento, defendendo que as medidas que Passos Coelho prometeu a Bruxelas no Programa de Estabilidade seriam mais gravosas para os portugueses.

"É porque a alternativa que lhe conhecemos são os compromissos que assumiu em Bruxelas: manter a sobretaxa de IRS e cortar mais 600 milhões de euros nas pensões em pagamento", atirou António Costa, que garante que o documento que apresenta vai trazer mais dinheiro aos bolsos dos contribuintes.

"Se somarmos todas as medidas que repõem o rendimento das famílias e que totalizam 1372 milhões de euros e subtrairmos as novas receitas fiscais criadas que perfazem 600 milhões de euros, o saldo líquido a beneficio das famílias apresenta um aumento de 700 milhões de euros", recordou, explicando que o "conjunto de medidas propostas pelo Governo vai permitir um crescimento de 2,5% " do rendimento disponível das famílias.

"Os portugueses vão pagar este ano menos impostos do que pagaram no ano passado e vão, sobretudo, pagar menos impostos do que o anterior Governo tinha prometido à União Europeia", assegurou.