Pelo menos oito mil refugiados estavam ontem retidos na fronteira entre a Grécia e a Macedónia como consequência de este país ter fechado portas a refugiados afegãos, deixando apenas entrar sírios e iraquianos.
Segundo a polícia grega, estão cerca de cinco mil refugiados em Idomeni, na fronteira com a Macedónia, e outros três mil estão retidos no porto do Pireu, Atenas.
A decisão da Macedónia levou a Grécia a protestar uma vez que, segundo dados oficiais, depois dos refugiados sírios, os afegãos constituíram o maior número de pessoas a pedir asilo em 2015.
Como protesto, a Grécia anunciou novas medidas diplomáticas.
“Demos início a medidas diplomáticas, acreditamos que o problema vai ser resolvido”, avançou o ministro adjunto grego do Interior para as Migrações, Ioannis Mouzalas. “Mas não estamos à espera de uma solução diplomática hoje [ontem]”, acrescentou.
A principal razão de o número de refugiados retidos ser tão grande é o fecho das fronteiras de vários países.
O número aumentou depois de a Áustria ter limitado o número de pedido de asilo a 80 por dia e autorizar apenas 3200 pessoas a passar a fronteira.
A decisão austríaca já foi criticada pelo ministro alemão do Interior, Thomas de Maizière, que a considerou “inaceitável”.
Para Mouzalas, a situação poderá agravar-se bastante se a Áustria fechar definitivamente as fronteiras. “Se a Áustria fechar as suas fronteiras, acontecerá um efeito de dominó na rota migratória dos Balcãs”, disse.
Também ontem começou a ser aplicado um novo sistema de registo e controlo dos refugiados para impedir entradas ilegais e reduzir o número de chegadas na zona dos Balcãs. Assim, os refugiados começam a ser registados na fronteira entre a Grécia e a Macedónia, onde recebem um documento com foto e com selos onde estão registadas as suas entradas e saídas pelos vários países por onde passam.
Greve de fome Segundo a Euronews, os refugiados afegãos prometem mesmo chegar ao extremo para conseguirem seguir caminho. “O nosso plano é atravessar a fronteira ou morrer lá”, adiantou um refugiado. “Vamos ficar aqui. Não vamos para o acampamento nem vamos comer. Vamos fazer greve de fome”, acrescentou outro.