Marcelo diz que haverá diálogo direto com o país

A uma semana de tomar posse, Marcelo Rebelo de Sousa continua a dar sinais de que será bem diferente do seu antecessor em Belém. Ontem anunciou que vai fazer as notas mais importantes “oralmente” e foi ao Barreiro com uma garrafa de bagaço para cumprir uma promessa eleitoral.

“Sempre que haja uma decisão importante deve haver uma comunicação mais formal aos portugueses”, comentou aos jornalistas o Presidente eleito, anunciando uma novidade: “No passado fazia-se por escrito, eu farei oralmente.”

Rebelo de Sousa diz que pretende ter ao longo do seu mandato na Presidência dois tipos de intervenções: umas mais formais, que deverão ocorrer “em cerimónias de Estado e eventos”, e outras “mais informais e explicativas” que devem acontecer “sempre que houver uma decisão importante”.

Discurso está escrito As declarações surgiram à margem do pagamento de uma promessa feita na campanha a uma eleitora do Barreiro. Na altura, o candidato prometeu que voltaria para tomar um café e um bagaço. Agora, o Presidente eleito cumpriu. “Fui eleito, voltei e trouxe a garrafa de bagaço. É uma maneira simbólica de mostrar que se cumpre o que se promete”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa, que garantiu já ter escrito o discurso de tomada de posse, mas evitou comentar a atualidade.

“Até dia 9 de março não acho nada”, foi dizendo às perguntas sobre a entrevista ao “Expresso” do governador do Banco de Portugal e as declarações da bastonária da Ordem dos Enfermeiros acerca da alegada prática de eutanásia no Serviço Nacional de Saúde, mesmo sem a lei o prever.

“Neste momento não tenho nada a dizer”, limitou-se a afirmar o Presidente eleito, que esteve ontem também no aniversário da TSF, a falar para uma plateia de estudantes de Jornalismo sobre as condições difíceis que o setor dos media enfrenta.

Paixão pelos media “É preciso heroísmo para continuar um percurso na comunicação social. Novas realidades apareceram, nomeadamente na net, mas não é que o público se tenha reduzido. É que as condições económicas e financeiras se tornaram muito mais difíceis, muito mais difíceis”, considerou Marcelo, que citou António Costa para falar da importância da imprensa. “Concordo com o que ouvi dizer o primeiro-ministro a propósito de uma efeméride de outro órgão de comunicação social: é que o papel da comunicação social é essencial para a democracia”, disse, assumindo que, apesar de estar fora dos planos voltar ao fato de comentador, não perdeu o interesse por uma área onde trabalhou durante cerca de quatro décadas.

“Eu sou um apaixonado pela comunicação social. Tenho a exata noção de que a probabilidade de voltar à comunicação social na minha vida agora é praticamente nula, mas a paixão fica”, reconheceu Marcelo.