Esta empresa diz que é a que mais impostos paga em Portugal

Mexia não adiantou o que vai fazer se o alargamento da tarifa social avance tal como está prevista, mas pede sistema transparente

A EDP garante que “é a favor de medidas que protejam os consumidores vulneráveis” e está disponível para procurar a forma mais eficaz e justa de resolver o problema. Esta é a resposta do presidente da eléctrica portuguesa, António Mexia, quando confrontado com o alargamento da tarifa social da luz a um milhão de clientes, durante a apresentação de resultados da empresa.

O responsável não quis adiantar o que vai fazer caso o alargamento da tarifa social avance tal como foi apresentado, dizendo apenas que quer “um sistema que seja o mais transparente possível e que seja comparável”, ao mesmo tempo que, aproveita para lembrar que a empresa “é a que investe mais em Portugal e a que também paga mais impostos.

O presidente da EDP aproveitou para ler uma comunicação, de fevereiro do ano passado, do Parlamento Europeu para a Comissão Europeia que aborda este tema. O documento prevê que os mecanismos para proteger os consumidores devem ser financiados pelas políticas sociais, neste caso, pelo Orçamento do Estado. A alternativa admitida a nível europeu seria financiar a proteção dos consumidores mais vulneráveis, seria distribuir os custos pelos restantes consumidores de eletricidade.

Recorde-se que, o governo quer estender a tarifa social a um milhão de famílias, tornar a sua atribuição automática e passar a totalidade da fatura para empresas de eletricidade. Feitas as contas, este custo poderá atingir os 100 milhões de euros. Ainda esta semana, o presidente da Endesa Portugal, Nuno Ribeiro da Silva, admitiu que o alargamento da tarifa social da energia irá "reflectir-se no preço ou na qualidade do serviço" e considera que a medida é um "absurdo" que irá conduzir a que se dê "automaticamente abrigo a uma série de pessoas que não têm realmente carências".

Já em relação à multa da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) em 7,5 milhões de euros à EDP por vedar acesso à tarifa social e que levou a empresa a recorrer, Mexia diz que “apenas 0,4% desses clientes tiveram problemas e não houve ninguém que tivesse sido prejudicado”. Já em relação ao valor da multa, o presidente da eléctrica diz que “é superior ao valor que é gasto no sistema total e que ronda os seis milhões de euros”.

Fim da CES

António Mexia defendeu ainda o fim da contribuição extraordinária sobre o sector energético (CESE). Só em 2015, a taxa custou 62 milhões à EDP em 2015 e vai voltar a ser cobrada na sua totalidade este ano. “Não faz sentido ter um imposto sobre o investimento. Recai só num único sector e era para ser temporário e o temporário não se pode tornar definitivo", afirmou o responsável, lembrando também que, algumas das medidas consideradas excecionais foram abandonadas, ao contrário da CESE.

De acordo com o presidente da elétrica portuguesa, este imposto “penaliza o investimento em Portugal" devido ao "seu caráter discriminatório", voltando a referir que a EDP é o "maior investidor em Portugal", com o montante a chegar aos 700 milhões de euros em 2015.

O responsável diz também que “houve um conjunto de regras que foram implementadas depois dos investimentos já terem sido decididos”.

Lucros ultrapassam 900 milhões

O lucro da EDP recuou 12% em 2015 para 913 milhões de euros. O resultado da companhia foi pressionado pelos resultados financeiros e pelo recuo do EBITDA em Portugal.  Ainda assim, o EBITDA atingiu os 3.924 milhões de euros em 2015, mais 8% em termos homólogos, impulsionado sobretudo pela EDP Renováveis e pela EDP Brasil.

O EBITDA da EDP Renováveis cresceu 26% e o da EDP Brasil registou um aumento de 38%. Já na operação ibérica o EBITDA caiu 9%.

A dívida líquida subiu 2% para 17,4 mil milhões de euros em 2015, acima da meta prevista e que se fixava nos 17 mil milhões de euros. “Considerando o encaixe financeiro de 500 milhões de euros em janeiro de 2016, resultante de transacções em parques eólicos nos Estados Unidos que estava prevista ter sido feita em dezembro de 2016, a líquida seria inferior a 17 mil milhões de euros”, refere.