O café não aumenta o risco de cancro e alguns estudos sugerem que aquela que é uma das bebida mais consumidas no planeta pode ter benefícios nas doenças oncológicas. O veredicto é da agência internacional da Organização Mundial de Saúde que se dedica à investigação do cancro, o instituto IARC sediado em França, que hoje publicou uma revisão do risco do café, mate e bebidas quentes. Em 1991, com base nos estudos então conhecidos, os peritos tinham classificado o café como “possivelmente cancerígeno para humanos”. Agora dizem que não há evidência de efeitos carcinogénicos e até pode haver um efeito protetor em alguns tumores.
A análise publicada hoje na revista médica “Lancet” sugere que os estudos que, no passado, apontavam riscos ao café poderão ter resultado do “controlo inadequado” do efeito do consumo de tabaco entre os participantes. Os investigadores adiantam que, revista a matéria, o efeito parece nulo e algumas investigações encontraram em contrapartida uma “relação inversa” entre o consumo do tabaco e o cancro endometrial (no útero) e também no cancro do fígado – mais consumo está associado a menos risco de cancro. Uma metanálise publicada no passado mês de Abril sugere mesmo que o risco de cancro do fígado diminui 15% a cada chávena de café que se bebe por dia. Outro trabalho publicado em 2013 indicou que a ingestão regular de café também poderá ter um efeito protetor modesto no cancro da mama nas mulheres.
Atenção às bebidas muito quentes
O IARC, que no final do ano passado alertou para o risco do consumo de carnes vermelhas e processadas, avisa desta feita que, no campo das bebidas quentes, o risco não parece estar nos produtos mas na temperatura a que são ingeridos. Beber bebidas muito quentes, acima dos 70 graus, passa agora a estar classificado como “provavelmente cancerígeno para humanos”. Na base desta classificação estão estudos em países como China, Irão, Turquia e América Latina, onde é habitual beber chá e mate muito quentes e há indícios de um risco acrescido de cancro do esófago, a oitavo tumor mais comum à escala mundial.