Recorrer ao crédito formação é ainda uma alternativa com poucos adeptos em Portugal. Taxas de juro atrativas e facilidade nos pagamentos são algumas das características destes produtos que, ainda assim, são pouco aproveitados pelos portugueses. Poucos dias após a divulgação dos resultados da primeira fase de acesso ao ensino superior, a plataforma gratuita de simulação de produtos financeiros ComparaJá.pt fez uma ronda pelo mercado para analisar a oferta de crédito especializado para formação existente no mercado e chegou à conclusão de que é possível encontrar produtos com taxas de juro a partir dos 4%.
Neste momento existem várias instituições financeiras de crédito a oferecer este produto, disponibilizando valores entre os mil e os 75 mil euros e taxas de juros a rondar os 5%, “o que é, comparativamente com os restantes produtos de crédito existentes no mercado, manifestamente baixo”, afirma Sérgio Pereira, diretor-geral da plataforma.
De acordo com o responsável, este tipo de crédito “afirma-se mesmo como uma solução que permite democratizar o acesso à formação a quem não dispõe de recursos suficientes para fazer face ao investimento necessário nesse momento específico”.
Onde aplicar Este tipo de produtos adapta-se às necessidades dos clientes. Ou seja, é destinado a qualquer pessoa que pretenda estudar, sendo um empréstimo especializado que financia a formação académica, seja ela em Portugal ou no estrangeiro, materializada em cursos de certificação tecnológica, licenciaturas, pós-graduações, mestrados, doutoramentos, MBA (Master of Business Administration) ou Erasmus e outros programas de intercâmbio internacional.
Mas o alcance deste tipo de produto não fica por aqui. A explicação é simples: pode também ser utilizado para projetos de empreendedorismo ou ajudas de custo com despesas relativas a inscrições/matrículas, propinas, material educativo, aluguer de casa fora da zona de residência, viagens ou estadias no estrangeiro, entre outros.
Apesar das vantagens, Sérgio Pereira chama a atenção para alguns fatores que é necessário ter em conta quando se contrata um produto desta natureza. É o caso, por exemplo, das condições de pagamento e dos períodos de carência. “São precisamente estes pontos que podem fazer toda a diferença na gestão financeira dos estudantes.” E dá exemplos: deve-se analisar as comissões de abertura do dossiê, assim como os períodos de carência de crédito inicial. Também o custo do crédito (montante total imputado) e as condições para obter o empréstimo devem ser analisados antes de tomar uma decisão.
Ainda assim, o diretor-geral do ComparaJá.pt garante que existem várias vantagens inerentes aos créditos especializados para formação, tais como financiamentos até 100%, possibilidade de pagar apenas juros durante seis meses e prazos até 192 meses.
“Atualmente existe um grande leque de opções para quem pretende investir na formação, ao contrário das gerações nos anos 60 e 70, o que constitui uma oportunidade a baixo custo”, diz o responsável, acrescentando ainda que, além disso, “os estudos são um investimento de tempo e dinheiro, e ter a pressão de pagar uma prestação pode ser o incentivo necessário para acabar o curso mais cedo”.
Raio-x O crédito formação do Montepio é considerado pela plataforma como a opção mais competitiva. Com um prazo de pagamento máximo de 84 meses, para um empréstimo de 25 mil euros a pagar em 48 meses, o custo total seria de 27 218 euros e uma mensalidade de 571 euros.
Para o mesmo prazo e montante, segue–se o BPI, cuja prestação mensal seria mais quatro euros do que a proposta do Montepio. Já no que toca à TAEG e montante total imputado, a diferença é mais acentuada: 4,7% é a taxa de juro e 27 405 euros é quanto terá de pagar no final dos quatro anos.
Se optar por um financiamento e um prazo mais curtos – 15 mil euros em 24 meses –, o produto do Montepio lidera novamente o ranking em termos de propostas mais atrativas. O empréstimo no final custará ao cliente 15 829 euros e terá de pagar uma mensalidade de 660 euros. “Igualmente no que concerne ao valor da prestação mensal, a Cofidis e (novamente) o BPI disponibilizam produtos que apresentam boas condições. Se a mensalidade é igual em ambos os empréstimos (661 euros), a TAEG da agência francesa é uma décima mais baixa do que a do banco: 5,5 e 5,6%”, conclui o estudo.