Os condutores mais jovens pagam o dobro do prémio do seguro automóvel, isto porque as seguradoras penalizam quem tem menos anos de carta. E esta diferença de preços poderá atingir os 200 euros. Esta é uma das conclusões do estudo feito pelo ComparaJá.pt, que fez uma ronda pelo mercado tendo em conta vários perfis de condutores e em que estes se distinguem pela idade.
“São muitos os fatores que afetam o prémio de um seguro automóvel, tornando complexo quer o processo de escolha por parte do tomador, quer a avaliação por parte da seguradora. Idade do condutor (materializada no número de anos enquanto condutor declarado), histórico de sinistralidade, as características do veículo e a localidade de circulação são os fatores que mais influenciam o custo do seguro”, revela o diretor da plataforma de simulação gratuita de produtos financeiros, Sérgio Pereira.
Em causa, de acordo com o responsável, está o facto de faltar o histórico de sinistralidade, uma vez que é um dos principais fatores de agravamento ou bonificação. Isto significa que “um condutor com um histórico reduzido é automaticamente prejudicado no preço a pagar”, afirma.
E as causas não ficam por aqui. “A informação recolhida pelas seguradoras ao longo dos anos revela que os condutores com menos de 25 anos têm uma frequência de acidentes superior à restante população, o que leva a que as tarifas sejam mais elevadas neste segmento”, acrescenta (ver quadro ao lado).
Mas o que podem fazer estes condutores? O ideal é que escolham cuidadosamente o seguro automóvel, uma vez que consome uma parte considerável do orçamento anual. E só comparando as diferentes opções no mercado é possível conseguir as ofertas mais vantajosas de acordo com o perfil e necessidades individuais.
“É um facto que os jovens pagam o dobro do prémio, não havendo forma de contornar a ausência de histórico de sinistralidade e a inexistência de histórico enquanto condutor declarado de um seguro. Mas se relativamente a este aspeto não resta muito mais a fazer aos consumidores, no que toca à escolha da melhor oferta no mercado, eles têm uma palavra a dizer”, afirma Sérgio Pereira.
E o responsável questiona: “Por que razão alguém haveria de estar disposto a pagar quase cinco vezes mais pelo mesmo tipo de serviço, tal como acontece, a título de exemplo, quando comparamos a oferta mais competitiva para o perfil mais jovem com a mais dispendiosa? Parece lógica a escolha, mas tal não acontece ainda no nosso país”, salienta.
A verdade é que existe um número cada vez maior de seguradoras a proliferar no mercado nacional. E o que sucede? O facto de tabelarem os preços de acordo com os seus próprios parâmetros internos e capacidade de subscrição faz com que determinados seguros, em diferentes seguradoras, tenham preços significativamente diferentes apesar de terem as mesmas coberturas e serem para o mesmo veículo e condutor.
Oferta mais competitiva De acordo com a ronda feita pelo mercado, para um jovem de 20 anos com dois anos de carta de condução, as seguradoras do mercado analisadas pela plataforma com os prémios anuais mais competitivos são a Logo e a OK!Teleseguros, cujos produtos custam aproximadamente 140 e 168 euros, respetivamente.
O diretor-geral do portal de comparação não tem dúvidas quanto ao facto de as seguradoras ”serem as primeiras interessadas em praticar pacotes de seguro automóvel a preços competitivos e convidativos para os jovens”, até porque “é um mercado atrativo e de largo espetro” em Portugal.
No entanto, este é um “segmento que ainda carece de literacia por parte dos consumidores”, sendo “essencial, na altura de adquirir um produto desta natureza, comparar e simular todas as soluções do mercado”, afirma.
Cuidado com as ilegalidades Por vezes, numa tentativa de reduzir os encargos, muitos dos condutores mais novos caem na tentação de colocar os seus pais como tomadores do seguro. Mas a verdade é que esta solução sai cara. “Além de estarem apenas a adiar o problema, uma vez que, quanto mais tarde se declararem como condutores habituais, menos histórico terão, pagando na mesma prémios avultados, não estão a cumprir a lei”, lembra Sérgio Pereira.
O diretor do ComparaJá.pt explica que “o tomador do seguro ou segurado, ao não revelar que o condutor habitual do seu veículo é um jovem recém-encartado, omitindo a real identidade do mesmo, indicando que é ele o próprio condutor, está em incorrer contra o expresso nos pontos n.o 1 e 2 do artigo 24.o do decreto-lei n.o 72, de 16 de abril de 2008 (Subsecção II), dando à seguradora o direito de terminar o contrato caso se prove que o condutor habitual não é o próprio tomador do seguro”. Ou seja, em caso de acidente, isto significa que o condutor do carro deixa de beneficiar de proteção do seguro, incorrendo em responsabilidade civil perante a lei.
“Por não terem histórico de sinistralidade, aliado ao facto de as seguradoras terem uma má experiência neste segmento, os jovens são encarados como um público de risco, daí o prémio mais elevado. Tendo isto em consideração, e sabendo de antemão que não o devem fazer legalmente, não é compreensível a razão pela qual os portugueses continuam a prejudicar-se, visto mais cedo ou mais tarde necessitarem de um bom histórico enquanto condutores declarados neste tipo de seguros. A lógica é simples: construir histórico hoje para poupar amanhã”, conclui Sérgio Pereira.