«Na primeira reunião que tivemos em Marrocos mostrámos [aos atletas] o vídeo de Cristiano Ronaldo, no balneário, depois de se ter sagrado campeão europeu, em França. A partir desse momento, soube que íamos pelo mesmo caminho», afirmou David Raimundo à chegada do Aeroporto de Lisboa, acompanhado pelos mais recentes campeões europeus de surf. A praia da Anza foi o cenário de um final feliz para a equipa das quinas que não levantava este troféu desde 1996, na altura, em Santa Cruz. Doze dos catorze elementos da seleção nacional chegou às finais das respetivas modalidades – surf, bodyboard e longboard – e quatro sagraram-se campeões da Europa.
‘Quero ser o melhordo mundo’
Afonso Antunes foi um dos protagonistas, em Marrocos. O filho do reconhecido surfista nacional, João Antunes, não passa despercebido em qualquer parte do globo. Campeão Europeu na categoria Sub-14, o jovem chegou a Marrocos, depois de uma estadia de três meses na Califórnia, viagem que lhe proporcionou «energias muito positivas». Aos 13 anos não tem dúvidas quando o questionamos sobre o futuro, no mar. «Quero ser o melhor do mundo, quero ser melhor que o Kelly Slater», atirou consciente que, para o concretizar, «trabalho todos os dias». Mafalda Lopes foi, no feminino, o rosto da glória nacional, em Anza. Timída, introvertida e emocionada fala com a voz trémula de quem não está habituada a grandes aparatos mediáticos. «É incrível ver tanta gente à nossa espera, nem tenho palavras para descrever o que estou sentir neste momento. É fantástico», afirmou a campeã Europeia de Sub-18 que entrou «pela primeira vez numa competição europeia», embora já fosse detentora do título nacional.
Em todas as frentes
Miguel Ferreira e Madalena Guerra, ambos em bodyboard sub18, foram os nomes que ocuparam o lugar mais alto do pódio, enquanto David Vedor alcançou a prata e André Rodrigues o bronze em Sub-16, com João Vidal à espreita. A longboard ficou da responsabilidade de João Gama, o único português do estilo, que também não desiludiu e terminou a prova como vice-campeão.
O presidente da Federação de Surf, João Aranha, defendeu que o «desenvolvimento da estrutura competitiva de surf em Portugal» é o principal fator para este tipo de conquistas que «andávamos a perseguir há 20 anos». David Raimundo afirmou que este foi «o momento mais alto da carreira», destacando, sobretudo, «a qualidade com que foi conquistado». Surf português ao mais alto nível com o «futuro da modalidade mais que garantido», de acordo com o selecionador.