Com países como o Reino Unido a insistir na fixação de um limite anual ao número de imigrantes, em Portugal há um novo alerta: se o caminho for por aí, a população vai encolher a olhos vistos nos próximos 40 anos, passando dos atuais 10,4 milhões de habitantes para 7,8 milhões. A quebra da população em idade ativa é ainda mais expressiva: os adultos entre os 15 e os 64 anos, hoje 65,3% da população, passariam a representar pouco mais de metade dos residentes no país (51,9%) – isto ao mesmo tempo que aumenta a população idosa. Hoje, dois em cada dez portugueses (20,3%) tem mais de 65 anos, proporção que sobe para os 37,4% em 2060.
As projeções são de um novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos sobre migrações e sustentabilidade. O trabalho, coordenado pelo sociólogo João Peixoto, será apresentado na próxima segunda-feira. Algumas conclusões foram adiantadas pelo “Público” e pela Renascença e sugerem que apenas um reforço da imigração pode travar a diminuição acentuada de população no país.
Para manter a população nos 10 milhões, o país precisa de ter um saldo migratório positivo de 2,2 milhões de pessoas até 2060, o que implicaria que entrassem em Portugal mais 47 mil pessoas do que aquelas que, anualmente, deixam o país. Para manter a população ativa nos níveis atuais seria preciso um saldo positivo de 75 mil imigrantes/ano. Mas mesmo assim, com o aumento da população idosa, continuará a haver menos adultos em idade ativa e faltará mão de obra no país. Até 2060, num cenário de crescimento económico, o país precisaria, por exemplo, de atrair 1,4 milhões de pessoas altamente qualificadas.
De acordo com os últimos dados do INE, que o i consultou, os números das migrações em Portugal estão muito longe do necessário para haver qualquer equilíbrio. O saldo migratório em 2015, último ano com dados disponíveis, foi de -33 500 pessoas – ou seja, saíram mais 33 mil pessoas do que as que escolheram Portugal para viver. Em 2013, no pico da crise, o saldo foi negativo em 60 mil pessoas.
Em 2015, o país acolheu 29 896 imigrantes permanentes – ainda assim, uma subida, depois de quatro anos de queda acentuada que coincidiram com o período da crise. Neste ano emigraram de forma permanente 40 377 portugueses, a que se somam mais de 60 mil emigrantes temporários. São estas as duas frentes que os autores do estudo concluem que é preciso inverter: subir a primeira e baixar a segunda.