A proposta do China Minsheng Bank para a compra do Novo Banco (NB) era a mais elevada mas falhou a prestação das garantias pedidas pelo vendedor. Caso a venda à Lone Star falhe, há um plano alternativo, ainda em segredo.
“A proposta do China Minsheng Bank, sendo melhor a nível de valor, nunca chegou a ser transacionável porque no momento em que foi necessária a apresentação de elementos que confirmassem a capacidade tal não aconteceu”, revelou ontem o coordenador do processo de venda do NB.
Sérgio Monteiro, em audição na Comissão de Orçamento, Finanças e Modernização Administrativa (COFMA), afirmou que a determinada altura, foi pedido ao grupo chinês que provasse a “existência de fundos para injetar o capital que se propunha injetar”. Mas isso não aconteceu “nem dentro do prazo inicial, nem dentro do prazo estendido, nem dentro do prazo final”.
Em relação às outras propostas de compra da instituição financeira que ficaram para trás, o antigo secretário de Estado revelou que a Aethel “fez a primeira interacção connosco em janeiro”, recebendo como resposta que “só juntando-se a um dos candidatos” poderia entrar no concurso para a compra.
Já a do consórcio Apollo/Centerbridge não chegou a ser vinculativa. Este candidato pediu seis a oito semanas além de 24 de fevereiro para apresentar uma oferta vinculativa, o que significava que só em Abril a proposta seria firme.
Neste contexto, a 17 de fevereiro o Banco de Portugal decidiu negociar em exclusivo com a Lone Star, já que “não era crível que mais tempo assegurasse uma melhor proposta”, sublinhou Monteiro.
O Governo e o Banco de Portugal assinaram em março um acordo com o fundo Lone Star, dos EUA, para a venda de 75% do NB. O Fundo de Resolução mantém os 25% de participação restantes. A Lone Star injetará 1000 milhões de euros para capitalizar o banco, dos quais 750 milhões quando o negócio for concretizado e os outros 250 milhões até 2020.
Já o Fundo de Resolução ficou com a responsabilidade de compensar o NB por perdas que venham a ser reconhecidas com os chamados ativos ‘tóxicos’ e alienações de operações não estratégicas, caso ponham em causa os rácios de capital da instituição, no máximo de 3,89 mil milhões de euros.
Plano B Sérgio Monteiro, ex-secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, confirma que a venda está dependente da troca de obrigações junto dos seus detentores.
“Numa visão simplista, se os obrigacionistas não aceitarem perder (valor ou prazo ou juro, ou uma combinação de todos) não haverá troca, logo não haverá venda”, diz. E se isso acontecer, “existe um plano B mas isso não é para ser divulgado”, adianta, sem abrir o jogo. A troca de obrigações está a ser desenhada pela equipa do NB, presidida por António Ramalho.