Depois de ter feito muita força a apertar a mão a Donald Trump, o presidente francês afirmou que não baixou a guarda nas conversações que teve com o seu homólogo russo, Vladimir Putin.
A reunião teve lugar esta segunda-feira em Versalhes e foi o culminar de uma série de encontros com vários líderes mundiais: Trump, Recep Tayyip Erdogan e os seus homólogos da NATO e do G7.
Apesar destas escaramuças prévias, os dois presidentes sublinharam a intenção de aprofundar um diálogo entre os dois países. Emmanuel Macron relembrou o czar russo Pedro o Grande, dizendo que ele “é o símbolo da Rússia que se quer abrir à Europa. O que é importante, passados três séculos, é que o diálogo entre a França e Rússia nunca foi interrompido”.
Por seu lado, o presidente russo, Vladimir Putin, sublinhou que a relações entre russos e franceses são anteriores a Pedro o Grande, agradeceu o convite e elogiou a grandeza histórica do lugar escolhido: “É a primeira vez que venho a Versalhes e estou impressionado pela história e grandeza de França.”
Depois dos cumprimentos de circunstância, passou-se aos enunciados políticos. Macron falou de pontos de fricção sobre a intervenção russa na Ucrânia, sobre a situação dos homossexuais na Chechénia e sobre a guerra na Síria. Sobre este último conflito afirmou que a prioridade da França estava na derrota do Daesh e de outros grupos terroristas, deixando antever algum recuo em relação às exigência de Paris do derrube de Bashar al-Assad.
“Sobre a Síria, relembrei quais eram as nossas prioridades: a nossa prioridade é a luta contra o terrorismo (…) Queremos reforçar a nossa cooperação com a Rússia e assegurar a estabilidade, a transição democrática [da Síria], com uma linha vermelha: a utilização de armas químicas seja por quem for.” Na sua intervenção, Putin sublinhou o acordo para um grupo de trabalho conjunto, entre os dois países, para combater o terrorismo, e que “não é possível lutar contra a ameaça terrorista destruindo o Estado [sírio]”.
Aproveitando uma pergunta dos jornalistas, o líder russo afastou as acusações de que o seu governo estaria a destabilizar os governos ocidentais com recurso a hackers. “A imprensa pode dizer tudo, é para isso que existe. Mas em política não podemos fundar as nossas ações com base em suposições não confirmadas”, defendeu Putin.
O seu homólogo francês aproveitou também uma pergunta da imprensa para atacar os canais de informação russos e justificar medidas tomadas contra os seus jornalistas: “Eu tive sempre uma relação exemplar com jornalistas estrangeiros, mas é preciso que sejam mesmo jornalistas. Russia Today [canal internacional da televisão russa] e “Sputnik” [site e revista russa] são órgãos de influência que espalharam infâmias contra a minha pessoa e, em relação a eles, não cederei em nada.”