O desenho original do governo escolhido pelo novo presidente francês já apontava à paridade de género, algo inédito na política francesa. Nove mulheres e nove homens estavam escalonados para assumir as pastas ministeriais, em representação do recém-nascido La Repúblique En Marche! (LREM) e sob a liderança do primeiro-ministro Édouard Philippe.
Com as quatro desistências de última hora – de François Bayrou, Sylvie Goulard e Marielle de Sarnez, do aliado MoDem, e de Richard Ferrand, secretário-geral do LREM, que se afastaram devido a investigações e suspeitas de condutas extrajudiciais – Emmanuel Macron foi obrigado a baralhar e a voltar a dar. E dessa remodelação resultou um novo executivo, onde a presença do sexo feminino é ainda mais significativa.
O presidente aproveitou as mexidas para nomear mais quatro mulheres, algumas delas para o exercício de cargos bastante relevantes. A nova equipa, apresentada na quarta-feira, será composta por 19 ministros, sendo que 11 são mulheres e 8 são homens, e dez secretários de Estado, que incluem três mulheres e sete homens.
“[Este executivo] concretiza o mesmo espírito do primeiro governo: paridade homem-mulher, membros da sociedade civil e desejo de renovação, com caras novas”, garantiu Philippe, citado pela France 24.
Nicole Belloubet vai então assumir a pasta da Justiça, enquanto que Nathalie Loiseau fica com os Assuntos Europeus. O ministério da Defesa ficará a cargo de Florence Parly e o do Interior será liderado por Jacqueline Gourault.
O aumento da presença feminina no governo coincide com fenómeno semelhante verificado no parlamento francês. Na sequência das eleições legislativas do passado fim de semana, a nova Assembleia Nacional vai contar com 223 mulheres, num total de 577 lugares. Um crescimento muito considerável, uma vez que ultrapassa largamente as 155 deputadas eleitas para a anterior legislatura. Para a conquista de quase 39% da totalidade dos mandatos muito contribuiu o LREM: 47% dos deputados que elegeu são mulheres.
Recorde-se que a coligação LREM-MoDem conseguiu eleger 350 deputados, bem acima dos 289 necessários para lograr uma maioria parlamentar.