Emmanuel Macron juntou deputados e senadores debaixo do mesmo teto, esta segunda-feira, para anunciar a sua estratégia para reformular de alto a baixo a política francesa.
No ilustre palácio de Versailles, nos arredores de Paris, o novo presidente francês revelou, entre várias promessas, a intenção de reduzir para um terço o número de representantes de cada câmara – de 577 para 385, na Assembleia Nacional, e de 348 para 232, no Senado – e de alterar o atual sistema eleitoral de duas voltas das legislativas, de forma a permitir uma representação parlamentar mais proporcional ao número total de votos.
Macron prometeu ainda que estas alterações vai ser debatidas e aprovadas pelos deputados, no prazo de um ano. O partido do presidente – A República em Marcha! – logrou uma maioria de 350 deputados nas eleições do passado mês de maio, mas mostrou-se, ainda assim, aberto à realização de um referendo à reforma constitucional, “caso seja necessário”.
“Temos vindo a preferir procedimentos a resultados, regras a iniciativas, e uma sociedade onde se vive de riqueza herdada a uma sociedade justa [mas] os franceses deram-nos prova de um desejo urgente de mudança, de alternância profunda”, afirmou o chefe de Estado francês, citado pela France 24, na hora de justificar a revolução nas bases da V República.
O presidente revelou também a intenção de pôr fim ao estado de emergência em França – decretado pelo François Hollande após os atentados de Paris de novembro de 2015 – em outono deste ano e aproveitou o discurso para criticar o rumo que a União Europeia tem vindo a seguir.
“Os últimos anos foram cruéis para a Europa. Conseguimos lidar com as crises, mas perdemos o nosso rumo. A construção da Europa foi enfraquecida pela difusão da burocracia e pelo crescimento do ceticismo daí oriundo”, lamentou, antes de reforçar o compromisso da sua presidência e governo em revitalizar a vertente de “justiça social” da organização comunitária.