O crédito em Portugal está a em alta e de ano para ano aumenta, quer para a habitação, quer para o consumo, setor no qual chega mesmo a ultrapassar valores de 2010, aproximando-se de números anteriores à crise financeira mundial de 2008.
“Em 2016 foram celebrados 57 912 contratos de crédito à habitação num total de 5,5 mil milhões de euros. O número de novos contratos e o montante de crédito concedido aumentaram, respetivamente, 34,2% e 39,6% em 2016, depois de terem registado crescimentos de 51% e 65% em 2015”, lê-se no Relatório de Acompanhamento dos Mercados Bancários de Retalho, disponibilizado ontem pelo Banco de Portugal (BdP).
O mesmo documento revela que “o montante de novo crédito aos consumidores aumentou 17,5%”, numa tendência que vem desde 2013. “Em 2016 foram concedidos, em média, 497,4 milhões de euros e celebrados 119,5 mil novos contratos por mês”, valor que segundo o banco centra, ultrapassa o de 2010. Cada contrato tinha um valor médio de 4200 euros – em 2015 era de 3800 euros.
O relatório do BdP diz ainda que “o aumento do montante de crédito concedido foi acompanhado de uma diminuição do custo do crédito”. De acordo com o BdP, nos últimos três meses do ano passado, “a taxa anual de encargos efetiva global (TAEG) média do mercado situava-se em 11,3%”, menos 0,6% do que no último trimestre de 2015.
A instituição liderada por Carlos Costa aponta ainda que o “acréscimo do montante de crédito concedido foi transversal aos três segmentos de crédito aos consumidores, mas voltou a ser mais significativo no crédito automóvel (27,1%) do que no crédito pessoal (16,1%) e no crédito revolving (3,6%)”.
O menor custo de crédito foi também comum “a todos os segmentos, mas foi mais substancial no crédito revolving”.
O destaque no crédito ao consumo está no facto de mais de metade – 52,7% – ter sido concedido por instituições com atividade especializada em finanças. Em 2015 havia “uma distribuição equitativa” entre estas e os bancos e, em 2014, estas instituições representavam menos de metade (45,8%) do crédito concedido.
O BdP revela ainda que, em todos os segmentos e em todos os trimestres de 2016, a TAEG média praticada pelas financeiras foi superior à TAEG média praticada pelos bancos.
Já em relação ao crédito à habitação, destaca-se dos dados que “em 2016 foram realizados reembolsos antecipados em contratos de crédito à habitação no montante de 3,2 mil milhões de euros, mais 45,4% do que no ano anterior”.
Ou seja, os portugueses estão a reduzir a sua dívida à banca aproveitando os juros baixos – o spread médio foi de 1,98% no ano passado –, fator que leva também a renegociar os créditos.
“As renegociações no crédito à habitação cresceram 6,9%. Ao longo do ano foram efetuadas 31 mil renegociações, respeitantes a cerca de 28 mil contratos; 11% dos contratos renegociados estavam em incumprimento”, revela o BdP.
Taxa fixa
A maioria dos empréstimos à habitação dos portugueses está indexado a uma taxa de juro variável, mas a taxa fixa está a ganhar preponderância.
Há um “aumento expressivo no número de contratos de crédito à habitação celebrados com taxa de juro fixa e com taxa de juro mista”, modalidade em que parte do crédito decorre a taxa fixa e a outra parte a taxa variável. De acordo com o Banco de Portugal, no primeiro caso, o crescimento foi de 164,5% e, no segundo, o aumento foi de 95,2%.
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