A zona euro continua direcionada para o crescimento. O Índice de Gestores de Compras (PMI) ficou em agosto nos 55,7 pontos, igual a julho, e neste indicador – que soma as expetativas para os setores industrial e de serviços – da IHS Markit revelado ontem, os números superiores a 50 pontos indicam melhoria da atividade económica.
“Há boas razões para estar otimista em relação ao atual crescimento, que tem ainda espaço para progredir”, diz o economista-chefe da IHS Markit.
Chris Williamson considera ainda que qualquer abrandamento da atividade nos próximos meses será “modesto”, pelo que a instituição prevê um crescimento de 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro entre julho e setembro e de 2,1% no final do ano. A confiramar-se, será o melhor registo dos países que partilham a moeda única desde 2007.
De destacar no PMI os 55,8 pontos da Alemanha, o melhor registo dos últimos dois meses e os 58,2 pontos da Irlanda, o máximo de três meses. Apesar de ser o pior valor em sete meses, Espanha (55,3) e França (55,2) estão em terreno postitivo.
Os números foram revelados dois dias antes do Eurostat divulgar o PIBdo segundo trimestre na Zona Euro, divulgação agendada para o mesmo dia da reunião do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE).
Esta é aguardada com a expetativa de poder revelar a evolução do pacote de estímulos à economia europeia. No entanto, os analistas consideram que o BCE vai vai preferir ganhar tempo e manter os mercados financeiros calmos a esboçar qualquer indicação sobre um calandário para o o fim do programa de compra de ativos.
Apesar da recuperação económica, a inflação (1,5%) continua aquém do mandato do BCE (próxima mas abaixo dos 2%). Esta poderia ser uma razão para prolongar o “quantitative easing”, mas como este está próximo dos limites legais, o presidente do BCE, Mario Draghi, poderá ser forçado a aliviar o programa.
“A grande questão da reunião desta semana é saber se Draghi vai dar alguma luz ao seu plano para a redução do programa”, diz um analista citado pela agência AFP.
Uma descontinuação do programa é uma questão de tempo e também ontem o Bank of America Merrill Lynch (BofaML) alertou que este tipo de programas foi responsável pela criação de bolhas, cada vez maiores.
Numa nota divulada pela agência Bloomberg, o BofaML, aponta que os programas expansionistas dos bancos centrais, adotados para introduzir liquidez na economia e fazer regressar o crédito às famílias estão a ter um efeito secundário.
“Passada a crise financeira, a generosidade dos bancos centrais parece estar a induzir ganhos mais rápidos e acentuados nos ativos, em comparação com o que aconteceu no passado. (…) O comportamento especulador nos ativos está a crescer com maior frequência e em mais domínios do que apenas nos mercados de crédito”, dizem os analistas responsáveis pela nota.