Depois destes oito anos como presidente da Câmara de Barcelos, o que o levou a apostar como prioridade nas juntas de freguesia?
A primeira prioridade tinha a ver com a dignificação do cargo de presidente de junta. Na minha perspetiva, é um cargo com papel fundamental porque possui uma relação de proximidade: se está próximo dos problemas das pessoas, também estará próximo das soluções para elas. O modelo de gestão autárquica que existia no passado era um modelo que implicava custos elevadíssimos em termos de deslocação. Um vidro partido, uma fechadura avariada numa escola, a limpeza de uma valeta, coisas pequenas, num concelho com 400 quilómetros quadrados – da sede de conselho à freguesia mais distante são cerca de 22 quilómetros – trazia-nos problemas graves do ponto de vista da gestão autárquica.
E que soluções trouxe?
O modelo que se arranjou foi, precisamente, delegar competências nos presidentes de freguesia, dotando-os de capacidade financeira para resolverem problemas. Decidimos algo que era inédito em Portugal em 2009: o protocolo dos 200%. As freguesias recebem da administração central o fundo de financiamento de freguesias e a câmara dá duas vezes esse valor. Isto permitiu dignificar o papel do autarca e resolver uma série de problemas.
Não receou que essa solidariedade com os presidentes de junta retirasse protagonismo e margem de manobra ao seu próprio mandato, como presidente de câmara?
É muito simples: primeiro, fizemos isto de forma transversal, isto é, todos os autarcas têm este protocolo e todos os autarcas têm que produzir relatórios trimestrais daquilo que executam nas suas freguesias. A libertação do que recebem no mês seguinte é feita sempre condicionada por esse relatório. Há um gabinete, aqui na câmara, que o recebe e analisa onde é investido o dinheiro público.
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