Rui Rio não nega que o PSD vive tempos de “alguma turbulência, principalmente devido à liderança do grupo parlamentar, mas garante que vai resolver esta situação com “serenidade”. Após o encontro com Passos Coelho, que deu início a uma “transição suave”, Rui Rio disse que a conversa “foi muito agradável” e está “cumprida a primeira etapa dessa transição suave”.
O próximo passo é decidir o futuro da liderança do grupo parlamentar, mas o encontro com Hugo Soares ainda não está marcado. “A primeira articulação a ser feita era com o presidente do partido e está feita. A seguir vamos articular com a bancada parlamentar (…) Há alguma turbulência, mas a gente vai resolver a pequena turbulência. Não sei se é real ou se é mais na comunicação social, mas isso vamos avaliar. Nós vamos conseguir fazer isto com serenidade”, disse, ao lado de Passos Coelho, o futuro presidente do PSD. Na primeira entrevista que deu após a eleição, Rio já tinha assumido que quer resolver o problema “com unidade, mas sem hipocrisias”.
A “turbulência”, que Rui Rio ainda não percebeu se é real, nasceu com várias vozes do PSD a pedirem que Hugo Soares colocasse o lugar à disposição. O que até hoje não aconteceu, apesar de a pressão ser cada vez maior. “É só uma questão de educação”, disse José Eduardo Martins, no programa “Sem Moderação”, no Canal Q.
Eduardo Martins defende que não há “nenhum sítio no mundo” em que o líder parlamentar “acha que tem uma legitimidade própria, alheia, fora da legitimidade do partido”. Para o ex-deputado do PSD, Rio teve “uma vitória muito clara” e isso prova que “os militantes do PSD quiseram fechar o ciclo de Passos Coelho”.
Figuras com peso no partido como Marques Mendes ou Manuela Ferreira Leite também defenderam publicamente que Hugo Soares devia ter colocado o lugar à disposição. Ao i, Guilherme Silva, que liderou o grupo parlamentar nos tempos de Durão Barroso e esteve ao lado de Rui Rio nas eleições internas, lembra que quando Durão foi substituído por Pedro Santana Lopes, em 2004, pediu de imediato uma audiência ao novo presidente do partido. “Pus o meu lugar à disposição. Ele é que insistiu que eu ficasse e eu fiquei. Logo no primeiro dia pedi-lhe uma audiência”, revela.
O ex-deputado social-democrata considera que a decisão sobre a liderança da bancada cabe a Rui Rio, porque “o grupo parlamentar não pode deixar de ter uma articulação com o presidente do partido”. Para Guilherme Silva, “não é imperativo que seja substituído, mas é imperativo que ponha o lugar à disposição”. A questão não é pacífica. Luís Montenegro e Paulo Teixeira da Cruz já vieram defender que não faz sentido Hugo Soares colocar o lugar à disposição.
Passos Coelho, após o encontro, garantiu que a “transição na liderança do PSD se fará com muita naturalidade e responsabilidade”. O ainda presidente do partido desejou as “maiores felicidades” a Rui Rio para “um ciclo novo na vida do partido”.