Se fosse um capítulo de um livro – e alguns tomam-no como o capítulo final – poderia intitular-se “Alta Fidelidade” porque foi mesmo de fidelidade que Pedro Passos Coelho foi falar na tomada de posse da concelhia do PSD de Lisboa, vencida por Paulo Ribeiro no mesmo dia que determinou a sucessão do próprio Passos na liderança do partido.
O ex-primeiro-ministro, que conhece Paulo Ribeiro “há muitos anos”, fez questão de deixar um apontamento de louvor ao companheiro social-democrata como “fiel” militante, transpondo depois as dinâmicas desse sentimento para uma leitura mais nacional do PSD.
“Na política, temos de ter alguma flexibilidade. Se as pessoas forem demasiado rígidas, partem”, admitiu. “Todos fazemos concessões. Ninguém faz tudo aquilo que quer, felizmente, ou não viveríamos num sistema democrático. Mas isso não pode ser sinónimo de indignidade, de falta de princípios”, contrapôs, justificando que tal suscitaria “falta de confiança”. “É uma questão de tempo”.
E falando em mudança de tempo, deixou palavras também para quem lhe sucede, Rui Rio: Falando deste tempo como sendo “auspicioso”, Passos Coelho referiu que “todos acabamos por ficar marcados por um certo tempo e agora é outro tempo, para outra gente. Não vamos andar a armar-nos, como se costuma dizer, ao pingarelho. A divisão do PSD acabou nas eleições. Cabe a iniciativa a quem ganhou, mas não se pode excluir quem perdeu”, recomendou. Para já, autoexcluiu-se.