Luis García Meza, o ex-ditador boliviano, morreu este domingo num hospital militar da capital da Bolívia, La Paz, vítima de sucessivos ataques cardíacos, disse à EFE o advogado do antigo militar, Frank Campero. Tinha 88 anos.
García Meza, que tinha fugido para o Brasil, foi extraditado para a Bolívia em 1995. Em 1993, o Supremo Tribunal boliviano tinha condenado Meza a 30 anos de prisão sem possibilidade de indulto devido a crimes cometidos durante os 13 meses que duraram a sua ditadura (entre 1980 e 1981). À data, a condenação foi considerada pelas organizações dos direitos humanos como um “marco na luta pela verdade e justiça num hemisfério onde os poderosos atores militares quase nunca são levados à justiça”
Meza cumpriu os primeiros anos de pena na prisão de alta segurança de Chonchocoro, mas estava há sete anos internado num hospital militar de La Paz devido a problemas cardíacos.
Luis García Meza chegou ao poder depois de liderar um golpe de Estado que impediu Hernán Siles Zuazo, o vencedor das eleições de 1980, de assumir a presidência do país. Meza tornou-se assim presidente da Bolívia no que foi amplamente descrito como “o golpe da cocaína”.
Durante os curtos 13 meses em que conseguiu manter a cadeira foram cometidos uma série de crimes contra a humanidade – genocídio e tortura fazem parte da lista. Nessa altura, desapareceram vários dirigentes de esquerda e figuras renomadas da sociedade boliviana, como o socialista Marcelo Quiroga Santa Cruz, escritor, jornalista, professor universitário e político socialista. Em 1981, cedeu a Presidência da República a uma Junta de Generais.
Além da condenação de 1993, o Tribunal de Roma condenou, em janeiro do ano passado, o ex-ditador – juntamente com outros sete ex-militares da América Latina – a prisão perpétua por crimes cometidos contra italo-latinos americanos na que ficou conhecida para a História como Operação Condor (o pacto de várias ditaduras militares de direita da América do Sul para eliminar a oposição, e que terá provocado cerca de 60 mil vítimas mortais).
A defesa do ex-ditador liderada por Campero recorreu da sentença, por considerar que Meza não teve oportunidade de se defender uma vez que o processo foi conduzido em Itália.