O petróleo continua em alta e, ontem, o preço por barril ultrapassou os 80 dólares pela primeira vez desde 2014. A subida prende-se com a descida do fornecimento global devido à quebra de produção de Venezuela e Irão, para além de uma diminuição das reservas dos EUA.
“A eventual dupla diminuição da produção do Irão e da Venezuela poderia representar o maior desafio para os produtores, que teriam de evitar a abrupta subida dos preços e compensar as quedas daqueles países. E não se trata só de número de barris, mas de qualidade”, resume a Agência Internacional de Energia (AIE) no seu relatório mensal. O organismo avisou que os preços já aumentaram 75% desde junho de 2017.
Também a fazer subir o preço do crude está a redução das reservas norte-americanas em 1,4 milhões de barris para um total de 423,34 milhões de barris.
Mas a subida dos preços ao longo do mês de maio deve-se sobretudo à saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão – quinto maior exportador mundial de petróleo – e à imposição de sanções financeiras a Teerão que poderão condicionar a oferta.
A isto junta-se o receio de que a decisão norte-americana sobre o Irão possa aumentar a instabilidade no Médio Oriente, que poderá ter reflexo não só na produção iraniana mas também na de outros países da região.
A AIE considera difícil prever o impacto da decisão dos EUA, mas aponta que “no meio da incerteza é pouco provável que as empresas fechem contratos para novos investimentos no Irão ou assinem acordos comerciais a longo prazo”.
Segundo a AIE, a Venezuela poderia ajudar a colmatar a menor produção do Irão, mas está sem condições: “Na Venezuela, o ritmo da queda da produção de petróleo está a acelerar e pode provocar uma contração de várias centenas de milhares de barris por dia.”
De acordo com a agência, Caracas não cumpriu a meta de produção a que se comprometeu nos acordos de Viena e tem a capacidade de produção diminuída porque a empresa pública venezuelana Petróleo da Venezuela (PDVSA) viu muitos dos seus empregados abandonarem os postos de trabalho devido aos “baixos salários e às preocupações com a segurança laboral”.
Aproximar o preço do barril de petróleo a 80 dólares era o objetivo da OPEP que, em acordo com a Rússia, promoveu cortes de produção para fazer subir o preço.
Aviso à navegação
Um relatório do banco Morgan Stanley, citado pela agência Bloomberg, prevê que o preço do barril de petróleo chegue aos 90 dólares em 2020. As novas regras de navegação, que entrarão em vigor nesse ano e obrigam os navios a consumirem diferentes tipos de combustível, explicam a previsão.
Essas regras impõem uma menor utilização de combustíveis com enxofre – dos atuais 3,5% para 0,5% –, numa tentativa de redução da poluição atmosférica associada a doenças respiratórias e chuvas ácidas. A alteração vai obrigar a utilizar mais diesel ou o gasóleo marítimo, o que vai levar a um aumento da procura de petróleo.