As agências de informação britânicas, MI6 e MI5, foram ontem condenadas por nada fazerem ao terem conhecimento de práticas de tortura e rapto de suspeitos de terrorismo no pós-11 de setembro de 2001. Os parlamentares condenaram as agências em dois relatórios da comissão parlamentar de informações e segurança.
Ainda que os agentes britânicos não tenham estado diretamente envolvidos nestas práticas, colaboraram com agências de informações de outros países, nomeadamente norte-americanas. Um dos relatórios debruça-se sobre os maus tratos e transferências de detidas para outras agências entre 2001 e 2010, enquanto o outro se foca sobre assuntos correntes das agências.
Entretanto, Jack Straw, antigo ministro dos Negócios Estrangeiros britânicos, entre 2001 e 2006, será questionado pelos parlamentares sobre o seu conhecimento destas práticas por o relatório sobre os maus tratos afirmar que as agências "procuraram e receberam autorizações do ministro dos Negócios Estrangeiros" num dos casos de transferência de um suspeito para outra agência.
"Encontrámos 13 casos em que funcionários do Reino Unido testemunhou em primeira mão um detido ser mal tratado por outros funcionários, 25 onde funcionários do Reino Unido foram informados por detidos de que tinham sido mal tratados por outros funcionários e 128 incidentes em que agentes de informações foram informados por serviços de ligação sobre as instâncias de maus-tratos", pode ler-se no mesmo relatório. "Em alguns casos, foram corretamente investigados mas isto não foi consistente".
O mesmo documento afirma ainda que em 232 casos os agentes de informação continuaram a fornecer informações a outras agências mesmo suspeitando de maus tratos.