O presidente da EDP não quis comentar o impasse em torno da Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a elétrica portuguesa. Esta reação surge depois das últimas notícias que indicavam que a operação poderia estar tremida. “Não vou comentar nada sobre isso. Aliás, a OPA corresponde a quem a lançou, e obviamente não vou comentar isso”, disse António Mexia, enquanto se dirigia para assistir a um Pitch no stand da EDP no Web Summit.
O responsável lembrou ainda que a tarefa de informar sobre notificações da OPA não cabe à administração. “O trabalho não é connosco. Mas estão a fazer o que têm de fazer”, acrescentou, referindo-se à CTG, dona de 23,27% da EDP.
Recorde-se que, na sexta-feira, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) avisou que as ofertas públicas de aquisição (OPA) pela China Three Gorges à EDP e à EDP Renováveis devem ser lançadas “em simultâneo”, estando a operação sujeita “ao sucesso” na elétrica.
Este esclarecimento surgiu depois de, no final de junho passado, a EDP Renováveis ter questionado a CMVM sobre este processo. A empresa liderada por Manso Neto quis saber se a OPA lançada sobre si poderia andar mais rápido do que a da EDP, mas o regulador entende que não. “A sujeição da oferta sobre a EDP Renováveis ao sucesso da oferta sobre a EDP não pode deixar de ser configurada, atentas as especificidades do caso concreto, como condição de eficácia, acrescenta a CMVM, notando que essa sujeição deve “verificar-se, portanto, até ao termo da oferta sobre a EDP Renováveis e não no momento do seu registo”.
Outros entraves
A CTG já detém parte da EDP e da REN e se conseguir avançar com a OPA à EDP terá de abdicar da REN uma vez que terá que haver uma separação entre os operadores da rede de transporte e as atividades de produção e produção, pela regulação. E mesmo se a operação avançar, será necessário não só a aprovação de Portugal, mas também de outros países. O texto do anúncio preliminar indica 16 entidades diferentes.
As primeiras a serem mencionada são a Autoridade da Concorrência e a Comissão Europeia. A oferta só avança com “uma decisão da Autoridade da Concorrência ou da Comissão Europeia declarando a compatibilidade da transação com a Lei da Concorrência ou com o Regulamento das Concentrações Comunitárias”. Também o Departamento de Concorrência Federal do Canadá tem uma palavra a dizer.
A operação foi anunciada em maio sobre a totalidade do capital da elétrica, avaliando-a em 11,9 mil milhões de euros. Os investidores oferecem 3,26 euros por cada ação da EDP – a proposta chinesa tinha implícito um prémio de 4,8% face à última cotação antes da OPA, de 3,11 euros – enquanto na EDP Renováveis a contrapartida está nos 7,33 euros.
Um valor que sempre foi considerado baixo pela administração de António Mexia – que no seu entender, “não reflete adequadamente o valor da EDP”.