Água armazenada nas barragens diminuiu no último mês em todo o país

Em julho deste ano, todas as bacias hidrográficas portuguesas registaram uma dimuinição da água armazenada em relação a junho.

Nesta altura do verão, todos os cuidados são redobrados no que toca à monitorização da água armazenada nas barragens portuguesas. E a verdade é que no mês de julho passado todas as bacias hidrográficas do país registaram uma dimução no volume de água armazenado relativamente ao mês anterior. A maior queda deu-se na Bacia do Ave, com menos 9,3% de volume armanezado em julho do que em junho.

Além desta descida em relação ao mês de junho, verificou-se ainda uma descida relativa às médias de armazenamento do mesmo mês registadas entre 1990/91 e 2017/18, com excepção das bacias do Lima, Ave, Douro, Mondego e Arade.

Segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH), das 12 bacias hidrográficas monitorizadas do país, com um total de 59 barragens, a Bacia do Sado era o caso mais grave em julho, com apenas 39,3 % de volume armazenado.

De entre essas 59 barragens monitorizadas, apenas oito verificaram disponibilidades hídricas superiores a 80% do volume total – Venda Nova, Alijó, Azibo, Aguieira, Alvito, Castelo de Bode, Cova do Viriato e Meimoa –, enquanto 12 tinham disponiblidades hídricas inferiores 40% do volume total – Abrilongo, Caia, Lucefecit, Monte Novo, Vigia, Campilhas, Fonte Serne, Monte da Rocha, Pego do Altar, Roxo, Vale do Gaio e Divor. Dessas, seis tinham mesmo valores inferiores a 20%.

Em declarações ao jornal i, João Branco, membro da Direção da Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza, considerou que esta diminuição do volume de armazenamento deve-se a “um ano de seca”: “Há zonas como o Minho Litoral onde não há seca, mas o Interior do país, de um modo geral, está em seca extrema já há bastante tempo.”

Este membro da Quercus confirmou 2019 como um ano seco, mas destacou o ano de 2017: “Em relação à média da última década, o volume de água armazenada baixou, uma vez que em relação a 2017 há maior volume armazenado apenas porque esse ano foi mais seco ainda”.

João Branco relembrou que, em 2017, houve “campanhas para as pessoas pouparem água”. E salientou que “a Quercus já disse várias vezes que essas campanhas têm que ser permanentes, porque se assim não for as pessoas esquecem-se.”

Além disso, relembrou que em 2017 “a seca prolongou-se até meados de outubro” e que “pode acontecer que a situação este ano venha a piorar, até porque normalmente o Interior do país é muito seco nesta altura”. E reforçou que se trata de algo imprevísivel, visto que “o período das chuvas começa também entre meados de setembro e meados de outubro”: se “só começar a chover em meados de outubro como aconteceu em 2017, vai haver problemas graves”.

Para João Branco, o combate à diminução do volume de água armazenada nas barragens passa “por fazer obras nos sistemas de distribuição da água” de certas regiões, que nalguns casos sofrem perdas da água captada “superiores a 50% devido a fugas e avarias, por exemplo”, e por uma melhor gestão da expansão dos regadios, uma vez que “há bastante água que é utilizada em agricultura intensiva em determinados locais”. “Essa agricultura intensiva, como sabemos, é muito prejudicial para o meio ambiente, porque consome muitos pesticidas, adubo, maquinaria e gasóleo. É ainda um fator de competição para abastecimento humano”, realçou.

Recorde-se que das 59 barragens monitorizadas 25 têm como uso principal a irrigação, 14 o abastecimento, 18 a produção de energia, uma a derivação e a restante “outros fins”.