A lei de extradição foi oficialmente enterrada por Carrie Lam, líder do Governo de Hong Kong, esta quarta-feira. A medida foi o embrião dos protestos na antiga colónia britânica, e por consequência, a origem da maior crise política desde a transferência de soberania da megacidade para a China.
Lam revelou que iria retirar de vez a lei a um grupo de legisladores favoráveis a Pequim, tendo a notícia sido avançada pela Reuters através de uma fonte do Executivo e confirmada pelo South China Morning Post. O cancelamento oficial da lei vem na sequência da revelação de uma gravação de som publicada pela agência britânica onde se ouvia Lam a admitir, num encontro privado com líderes empresarias, pedir desculpa e demitir-se caso Pequim a permitisse, deixando no ar que era o Governo central que estava a gerir a crise.
A retirada da lei é uma das cinco reivindicações dos ativistas pró-democracia, mas tudo indica que esta cedência não será suficiente para acalmar os manifestantes. "Muito pouco e tarde demais – a resposta de Carrie Lam vem após sete vidas serem sacrificadas, mais de 1200 manifestantes presos, dos quais muitos foram mal tratados", respondeu Joshua Wong, líder do Demosisto e uma das figuras das manifestações, pelo Twitter.
As restantes exigências dos manifestantes são o fim da categorização dos protestos como motins, um inquérito à violência policial, a amnistia dos detidos e a retomada das reformas democráticas em direção ao sufrágio universal.