BdP. Défice externo agrava-se para 1,6 mil milhões até julho

Exportações crescem menos do que importações, o que acaba por penalizar a balança de bens. Também as remessas de emigrantes deslizaram nessa altura.

O défice externo das balanças corrente e de capital agravou-se entre janeiro e julho para 1633 milhões de euros. Um aumento muito significativo face aos 661 milhões de euros registados em igual período do ano passado. Os dados foram revelados pelo Banco de Portugal (BdP). “Em termos homólogos, o défice da balança de bens aumentou 2028 milhões de euros e o excedente da balança de serviços diminuiu 137 milhões de euros” para 8802 milhões de euros, referiu o regulador.

Na base deste crescimento está, mais uma vez, o comércio com o exterior. Até julho, o défice da balança de bens cresceu em 2028 milhões de euros, para 9611 milhões de euros, com as importações a subirem 6,7% e as exportações a aumentarem apenas 2,2%.

Aliás, tanto nos bens como nos serviços, as importações têm crescido a um ritmo superior ao das exportações. “Nos primeiros sete meses do ano, as exportações de bens e serviços cresceram 3% (2,2% nos bens e 4,6% nos serviços) e as importações aumentaram 7,4% (6,7% nos bens e 10,8% nos serviços)”, diz a entidade liderada por Carlos Costa.

Já na balança de serviços – e que beneficia da atividade turística – o saldo continua positivo, no entanto, assistiu-se a uma redução em 137 milhões de euros face ao mesmo período do ano passado (8665 milhões de euros). Até julho, as exportações de serviços cresceram 4,6%, com as importações a aumentarem 10,8%.

Remessas de emigrantes caem O BdP chama ainda a atenção para a balança de rendimento primário que deu um contributo positivo para o saldo externo, dado que o défice diminuiu 748 milhões de euros para os 3340 mil milhões de euros. Esta queda é explicada pela redução dos juros pagos a entidades não residentes. Com o regulador a destacar também as remessas de emigrantes dos emigrantes portugueses que desceram de 370,2 milhões de euros, em julho do ano passado, para 369,8 milhões de euros em julho deste ano, o que representa uma ligeira queda de 0,1%.

Já as verbas enviadas pelos estrangeiros a trabalhar em Portugal para os seus países de origem caíram 13,7%, passando de 46,58 milhões, em julho de 2018, para 40,19 milhões em julho deste ano.

No entanto, tendo em conta apenas os países africanos lusófonos, a tendência inverte-se. A explicação é simples: os portugueses que trabalham na África lusófona enviaram 34,45 milhões de euros em julho para Portugal, o que representa um acréscimo de 25,3% face aos 26,51 milhões que tinham enviado em julho do ano passado. Aliás, este foi o valor mais alto enviado nos meses de julho, superando os 32,85 enviados em julho de 2017.

Por seu lado, os trabalhadores africanos lusófonos a trabalhar em Portugal enviaram para os seus países 3,4 milhões de euros em julho, o que significa um acréscimo de 6,6% face aos 3,19 milhões de euros enviados em julho do ano passado.

Atividade estabiliza Também ontem, o INE revelou que o indicador de atividade económica em Portugal estabilizou em julho, depois de cinco meses em quebra. Nesse mês, registou-se uma ligeira aceleração do indicador do consumo privado, a refletir “um contributo positivo da componente de consumo corrente”, pois “a componente de consumo duradouro registou um contributo nulo”, apesar de ter aumentado ligeiramente.

O mesmo cenário repete-se com o indicador de clima económico. Os dados até agosto mostram que também se assistiu a uma estabilização, na mesma altura em que, na zona euro, os indicadores de confiança dos consumidores e de sentimento económico diminuíram.