Até agora foi a testemunha mais danosa para o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no âmbito do processo de impugnação de que é alvo, segundo os media norte-americanos. O depoimento foi prestado ao Congresso à porta fechada, esta terça-feira, pelo embaixador norte-americano para a Ucrânia William B. Taylor Jr.. Segundo o diplomata, Trump condicionou o financiamento militar sob a ameaça de que “mais ucranianos” iriam “sem dúvida morrer” caso o Governo não investigasse o seu rival Joe Biden.
Enquanto Kiev não se comprometesse a investigar publicamente Biden, Trump reteve a verba de 391 milhões de dólares destinada ao combate na frente de leste da Ucrânia, segundo Taylor, que é o mais alto diplomata em funções no país desde junho deste ano – é embaixador interino. Ou seja, Taylor confirmou e deu força à acusação do Partido Democrata, que iniciou o inquérito para a destituição, de que o chefe da Casa Branca se aproveitou da política externa norte-americana para avançar com os seus interesses pessoais, nomeadamente, para adquirir vantagem nas eleições de 2020.
Aliás, de acordo com este depoimento, Trump terá alegadamente tentado trocar vidas por uma investigação – a transcrição da chamada telefónica, realizada a 25 de julho, mostra Trump a instar o Presidente da Ucrânia a investigar Biden. “Os ucranianos estavam a lutar contra os russos e contavam não apenas com treino e armamento, mas o apoio dos EUA”, lê-se na carta aberta de testemunho inicial ao Congresso obtido pelo New York Times.
Poucos dias depois de assumir o cargo, Taylor afirma que começou a detetar sinais da existência de canais de comunicação “informais e irregulares” com os ucranianos, lideradas pelo advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani. “Uma combinação estranha e confusa de encorajamento, em última análise, alarmantes”, lê-se na carta aberta de testemunho inicial de Taylor ao Congresso, obtido pelo New York Times.
Trump e os seus aliados, pelo seu contrário, têm alegado que a retenção da verba não envolveu um quid pro quo (um favor em troca de algo), pois os ucranianos não estavam a par de que a verba havia sido retida. Mas o New York Times noticiou esta quarta-feira, com base em documentos e entrevistas, que responsáveis ucranianos no cimo da hierarquia sabiam do que se passava.