Apesar de qualidade de vida e de as condições gerais de bem-estar nunca terem sido tão positivas como são hoje, no séc. XXI, a autoconfiança dos jovens parece não ter acompanhado a tendência.
Do meu ponto de vista, existem vários fatores que o podem explicar: desde logo, a instabilidade e o ritmo elevados do mercado de trabalho, bem como a mudança dos valores e objetivos dos futuros contribuintes deste país.
Por um lado, a globalização e a rápida difusão de informação possibilitam uma adaptação quase instantânea das empresas ao mercado e aos possíveis consumidores. Como consequência, aquilo que seria um cenário de relativa estabilidade pode facilmente agora tornar-se algo volátil, implicando a dispensa de empregados, facto que não contribui para a autoconfiança ou estabilidade de um possível empregado. A perspetiva de bem-estar futuro é, por isso, incerta e resulta na dificuldade de perspetivar cenários de confiança.
Para além disso, a mudança de valores e perspetiva tem um papel crucial no estado emocional de um qualquer indivíduo.
As novas gerações buscam coerência entre os seus valores e os da empresa em prospeção, na medida de preocupações ambientais, flexibilidade horária, oportunidades de mobilidade internacional e outros. O salário e benefícios não estão excluídos da análise, mas os jovens continuam a preferir a liberdade inerente, por oposição a segurança, normalmente não acompanhada dessa mesma liberdade.
Por outro lado, a procura e descoberta de um caminho profissional feliz parece ser hoje mais difícil. Tal parece acontecer porque apesar de haver uma quantidade exacerbante de informação, é difícil filtrar aquilo que é, de facto, relevante e atual.
Cumulativamente, o processo de descoberta e autoconhecimento faz-se, em boa parte, através da diversificação das experiências. É hoje de valor que um estudante invista parte do seu tempo livre em atividades extracurriculares que lhe permita desvendar características próprias aplicáveis ao mercado de trabalho ou até mesmo inserir-se precocemente nesse mesmo mercado, na forma de um part-time, por exemplo. Como resultado, um jovem preparado e consciente da sua combinação de capacidades é também um jovem, à partida, mais confiante e seguro de si.
Em jeito de conclusão, destaco a crença de que o sucesso é mais catalisador da paixão do que a paixão é catalisadora do sucesso. Quero com isto dizer que um jovem encontra mais facilmente confiança na sua pessoa como empregado se se enquadrar com um percurso onde possa aplicar as capacidades pelas quais se destaca, por contrapartida a dedicar-se a um mercado pelo qual é apaixonado. Julgo ser desta forma por tendermos a gostar de fazer aquilo que fazemos bem, mas nem sempre fazermos bem algo relacionado com aquilo que gostamos.
A autoconfiança existe na medida da capacidade de um indivíduo aplicar aquilo que é capaz de fazer de melhor, na comunidade que o envolve.