Alguém está prestes a entrar em palco, o seu nome é anunciado em êxtase, o público bate palmas de pé de forma ensurdecedora e o indivíduo atravessa as cortinas vermelhas para se dirigir ao centro. Imagino eu que o leitor esteja a imaginar alguém minimamente único e especial, para que possa haver um qualquer público interessado, e tem razão.
A vida profissional do leitor é o seu palco e não julgo existirem bons incentivos para que descubramos a plenitude da nossa unicidade.
Estou seguro de que o valor profissional como indivíduo existe na medida da combinação das capacidades únicas de cada um. Eu posso não ser capaz de me teletransportar (ainda), mas posso saber simultaneamente cuspir fogo e fazer o pino. Haverá certamente muita gente que tenha essas habilidades de forma individual, mas um indivíduo que as tenha todas tem um valor a acrescentar ao espetáculo muito diferente do meu.
Existe uma tendência para valorizar um profissional em função da raridade de combinação de conhecimentos. Assim, torna-se relevante para o leitor perceber como pode tornar-se mais ‘raro’. Refletindo, não encontro no percurso académico típico os incentivos para nos explorarmos como parte integrante e contribuinte da sociedade, ao ponto de nos desenvolvermos em raridade.
Pessoas diferentes têm métodos de retenção de informação também eles diferentes, com variados níveis de eficiência. O processo de ensinar ou explicar, tal como aprender enquanto fazemos, experimentando, têm elevados níveis de retenção da informação, quando comparado com a leitura, observação ou audição de um mesmo conteúdo. As últimas atividades são exatamente as que, sendo menos eficientes, são usadas na esmagadora maioria das aulas ou cursos, ao longo de vários os níveis de ensino.
No meu entender, são vários os incentivos para que tenhamos todos o mesmo tipo de conhecimento. Procura-se riscar da lista um conhecimento que nos é espero que tenhamos, quando se poderia incentivar a alocação do nosso tempo às capacidades e conhecimentos que sabemos serem mais valiosas e únicas, coerentes com a pessoa que somos, e em especial, coerentes com a pessoa que não somos. Se eu for natural e frutiferamente criativo, faz sentido eu desenvolver aquilo que é uma vantagem profissional, em detrimento de outras. Não defendo o extremo negligente, apenas um pendor estratégico.
Inevitavelmente, sou da opinião que é benéfico complementar a sua formação, com uma pendência sobre aquilo que faz e sabe de melhor. Apostar num cavalo vencedor, que é o leitor, é o mais inteligente, principalmente sabendo que tem o potencial para atravessar as suas metas vitoriosamente.
O palco é seu para ser o que é naturalmente: único; e posicionar-se debaixo dos holofotes da sua vida, quaisquer que sejam, fazendo o que faz de melhor. Se não for um truque de magia ou a declamação de um poema, que seja o pino, ou outra coisa qualquer. Desta forma pode, agora sim, teletransportar-se para uma maior valorização da pessoa que o leitor já é.