A razão última condutora das nossas ações é a felicidade, mesmo que não o pareça à primeira vista. Julgo que por crença falaciosa se defina ignorância como uma bênção, quando na verdade o que nos move é a felicidade.
Parece-me ser uma aparente proporção inversa, entre conhecimento e bem-estar, a justificação para que exista uma resistência mental acrescida ao desenvolvimento intelectual, sacrifício necessário para uma mente sã.
Por forma a promover o combate à fuga do rabo à seringa, proponho que pensemos sobre este assunto de uma perspetiva diferente. Estou seguro de que ignorância não é, de todo, uma bênção. Tal deve-se ao facto de julgar que um qualquer indivíduo é feliz na proporção em que os seus níveis de bem-estar são estáveis.
Sou da opinião de que conhecimento oferece um ampliar de perspetiva do mundo que nos rodeia e autoconhecimento. Em especial no que à vida profissional diz respeito, conhecermos as nossas mais valias e forma de acréscimo de valor é via rápida para esse bem-estar profissional de importância crescente.
A maioria das pessoas parte do autoconhecimento da estaca zero. É por força e oportunidade das várias aprendizagens empíricas ou não que um indivíduo elimina, por exclusão de partes, aquilo pelo qual não se define, bem como as características que não são o seu forte. Por essa mesma razão, quando se fala em aprender e crescer, diz-se na verdade uma especialização numa qualquer área de conhecimento.
Foco, uma commoditie, admito, menos comum do que idealmente se desejaria nos jovens, é fruto de autoconhecimento. Cada pessoa está constantemente dotada de uma tremenda diversidade de aptidões, que fazem da resposta a “quem sou?” algo complexo. Todavia, um outro método passa por responder antes à questão: «Quem é que não sou?». Presumo que o leitor disponha do bom senso para concluir que um percurso profissional de sucesso e de felicidade, qualquer que seja o contorno da sua definição para o leitor, encontra-se na interceção entre o conjunto das características que o define, os seus objetivos, e as oportunidades profissionais que possibilitam a exposição dessas mesmas características.
Assim, espera-se que com tempo, compromisso e curiosidade, um indivíduo abdique de raspar a superfície da terra com um ancinho por forma a encontrar meia dúzia de pepitas, e fure de vez o seu terreno com profundidade suficiente para que se extraia petróleo.
Em jeito de conclusão digo que autoconhecimento e crescimento não devem ser castradores. Amadurecer não é castrar as partes de nós que pensamos serem menos adequadas, mas sim alocá-las e permitir que assumam o comando nos momentos certos. Não se pretende uma explosão e desgaste rápido das nossas forças, mas sim uma ‘digestão lenta’, rumo a um fornecimento de energia e capacidade mais prolongado.
Convido o leitor a deixar guiar-se pela criança curiosa e ansiosa por ser feliz e crescer, ainda que de forma ponderada, no seu meio pessoal e profissional onde contribuirá diariamente. Não há nada como trabalhar com um sorriso’.