Pensar em Elton John é pensar em grandes extravagâncias. Não só em arranjos megalómanos, com composições para piano, como Someone Saved My Life Tonight (1975) ou Funeral For A Friend (1973), dignas do seu background enquanto estudante de música clássica na Royal Academy Of Music, em Londres, mas também por compras luxuosas que sempre acompanharam o percurso do cantor e ajudaram a formar o mito em torno da sua personalidade.
Contudo, as coleções de mansões, iates e Rolls Royce cor de rosa vão ter de aguardar um pouco até voltar a crescer. Mesmo depois de ter sido considerado, em maio deste ano, segundo o jornal britânico Sunday Times, como o 363.º homem mais rico do Reino Unido e um dos músicos mais bem pagos, apenas superado pelo compositor Andrew Lloyd Webber, Paul McCartney e Rihanna, a fortuna avaliada em cerca de 360 milhões de libras (aproximadamente 400 milhões de euros), enfrenta um inesperado adversário: o coronavírus.
Dada a impossibilidade de se realizarem concertos, devido à pandemia gerada pela covid-19 e as subsequentes medidas de prevenção, como o distanciamento social e o encerramento das salas de espetáculos, o músico teve que cancelar grande parte dos concertos da sua tour de despedida, Farewell Yellow Brick Road, o que resultou em prejuízos de cerca de 60 milhões de libras (sensivelmente 67 milhões de euros).
A tour mundial iria servir para o homem de 73 anos, que dá a voz a hinos intemporais como Rocket Man ou Your Song, se despedir dos seus fãs e dos palcos. Até ao momento, as 34 datas marcadas para os Estados Unidos foram canceladas ou adiadas e, segundo o Daily Mail, os 48 concertos agendados entre setembro e dezembro, apesar de ainda não terem sido cancelados, também terão o mesmo destino.
Contudo, o Tiny Dancer não é o único lesado por este prejuízo. Estas perdas financeiras obrigaram-no a dispensar os membros da sua banda e até empregados domésticos. «O cancelamento da tour levou a que membros da banda que tocaram durante longos anos [com Elton John], nomeadamente o guitarrista Davey Johnstone e o baterista Nigel Olsson, fossem dispensados até se tornar claro se este ano vai ou não haver mais concertos», revelou o Daily Mail, que acrescentou que o músico terá dito ao pessoal doméstico da sua casa em Atlanta (EUA), avaliada em 20 milhões de dólares, que os seus serviços «não eram necessários».
O Daily Mail escreve ainda que Elton John, possivelmente, terá que recorrer ao layoff para manter os funcionários da sua produtora, a Rocket Entertainment, em Londres. Esta medida do Governo britânico permitia garantir 80% do salário dos trabalhadores. No entanto, Elton John decidiu que ele próprio iria comportar estas despesas.
«Estava previsto esta tour render mais de 60 milhões de libras este ano [67 milhões de euros]. Esse lucro, literalmente, desapareceu da noite para o dia. Ninguém estava a contar com isto», disse uma fonte próxima do músico ao jornal britânico descrevendo como o músico e o seu marido, o produtor de cinema David Furnish, foram apanhados desprevenidos. O jornal afirmava ainda que estas perdas financeiras não serão cobertas pelas seguradoras.
Em abril, o Twitter pessoal do cantor publicou um pedido de desculpas aos fãs onde explicava que esta «decisão difícil» estava ligada à «segurança e bem estar dos fãs» e que os bilhetes iriam continuar a ser válidos e podiam vir a ser utilizados quando os concertos forem reagendados. «O Elton promete que irá atuar, novamente, ao vivo para todos os seus dedicados fãs de todo o mundo e agradece todo o apoio», podia ler-se na rede social.
A decisão de se retirar do mundo da música foi anunciada por Elton John a 24 de janeiro de 2018, o mesmo dia em que anunciou os planos para embarcar na Farewell Yellow Brick Road (um trocadilho com o seu disco de 1973, Goodbye Yellow Brick Road), uma tour massiva que teve inicio a 8 de setembro de 2018 e que deveria ter fim a 20 de fevereiro de 2021. Os mais de 300 concertos que o inglês tinha agendados iriam permitir uma reforma tranquila. Contudo, Elton ainda tem um longo caminho de tijolos amarelos pela frente. J