Por José Cabrita Saraiva e Vítor Rainho
Enquanto, um pouco de todo o lado, chovem críticas e acusações sobre Juan Carlos, outros preferem sublinhar as qualidades pessoais do Rei emérito de Espanha e o seu papel decisivo na transição pacífica da ditadura de Franco para a democracia atual. A ligação dos Condes de Barcelona a Portugal é antiga – remonta ao exílio da família no Estoril em 1946, quando Juan Carlos tinha oito anos. É certo que a partir dos dez anos o futuro Rei foi para Espanha, primeiro para fazer o liceu, depois para o serviço militar, e de então em diante só vinha a Portugal passar as férias com os pais. Ainda assim, deixou boas memórias e muitos amigos. Que só têm a dizer bem dele.
Jorge Arnoso conheceu-o logo quando a família dos Condes de Barcelona se instalou em Portugal, vinda da Suíça. «Sempre fui amigo da família desde 1946. Tudo o que guardo é bom», avisa. Na altura, tratava o amigo por ‘D. Juanito’. Hoje reconhece estar «abalado» com as notícias que visam Juan Carlos. No seu entender, as acusações que empurram o antigo Rei para um novo exílio resultam de «uma armadilha que montaram à Família Real e onde apanharam na vida privada o melhor Rei de Espanha de todos os séculos, desde Filipe II». Para Jorge Arnoso, Juan Carlos «anda a ser perseguido há muito tempo». Mas há algo ainda pior: «É uma instituição, a monarquia, que é a única coisa que pode unir a Espanha», que julga estar a ser alvo de um ataque premeditado.
A família Brito e Cunha é outra das que já na década de 40 do século passado conviviam com a do futuro Rei. Na altura em que foi diretor da Marina de Vilamoura, António Brito e Cunha – conhecido no seu círculo de amigos como ‘o comandante’ – viajou várias vezes a bordo do barco de Juan Carlos e participaram em vários almoços e jantares juntos. «Foram uns anos muito simpáticos em que ele aparecia em Vilamoura e passeávamos no Fortuna, um barco lindo, com a rainha, com o Rei e com o atual Rei». Desses convívios recorda «uma pessoa muito encantadora, bem-disposta, alegre».
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