Num país cada vez mais polarizado, manifestantes contra a violência policial e o racismo sistémico confrontaram-se nas ruas de Portland com apoiantes do Presidente norte-americano, Donald Trump – um deles, que usava um chapéu com logo dos Patriot Prayer, um grupo de extrema-direita baseado na cidade, foi morto a tiro este sábado, avançou o New York Times.
Desde a morte de George Floyd que Portland – um ponto focal do movimento anti-racista e da contra-cultura norte-americana – enfrenta protestos diários, com frequentes confrontos, que escalaram o mês passado, com o envio de agentes federais para a cidade, à revelia das autoridades locais.
A tensão tornou-se particularmente alta no sábado, quando uma caravana de centenas de carrinhas convergiu num centro comercial no sudoeste da cidade, convocada através das redes sociais e exibindo slogans como “Trump 2020” ou bandeiras do “Blue Lives Matter”, um movimento de apoio à polícia e oposição ao Black Lives Matter.
As imagens mostram que quando a caravana entrou na baixa de Portland foram disparadas armas de paintball de cima dos camiões contra os manifestantes, que por sua vez atiravam os objetos mais diversos. Às nove da noite ouviu-se fogo real, sendo depois encontrada a vítima mortal.
O Presidente norte-americano já comentou a situação no Twitter, criticando o presidente da Câmara de Portland, Ted Wheeler. “A grande reação ao que está a acontecer em Portland não pode ser inesperada”, escreveu Donald Trump. “As pessoas de Portland não aceitarão mais não ter segurança. O presidente da Câmara é um tolo! Tragam a Guarda Nacional!”.
Entretanto, há grande preocupação com a visita do Presidente a Kenosha, planeada para terça-feira. A cidade foi abalada pelo caso de Jacob Blake, baleado pela polícia sete vezes nas costas, à frente dos filhos; subsequentemente, houve protestos e motins onde um admirador de Trump e da polícia foi filmado a disparar sobre três pessoas, duas das quais morreram.
Segundo a Casa Branca, o Presidente planeia verificar os danos causados pelos motins e reunir com a polícia da cidade – até agora, não houve nenhuma menção a um encontro com ativistas ou com a família de Blake.