Já depois de a ministra da Saúde ter garantido à saída do encontro com o Presidente da República, em Belém, que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem “capacidade de expansão” para responder à pandemia, António Lacerda Sales, secretário de Estado da Saúde, reiterou, na habitual conferência de imprensa das autoridades de saúde, as palavras de Marta Temido. "O Serviço Nacional de Saúde está preparado para continuar a dar respostas", disse o governante, adiantando que já foram feitos mais de três milhões de testes desde o início da pandemia.
Lacerdas Sales falou ainda sobre o plano de vacinação da gripe, que inicia esta segunda-feira a segunda fase, e adiantou que "30% dos profissionais de saúde foram vacinados".
Neste sentido, o governante foi questionado sobre a alegada falta de administração de vacinas para a gripe nas farmácias.
“O Governo celebrou um acordo com as associações de farmácia e de distribuidores, de forma a permitir vacinação gratuita a partir dos 65 anos. Neste momento posso dizer que aderiram 65% das farmácias a nível nacional, garantindo uma cobertura em 256 concelhos. São cerca de 92% dos concelhos a nível nacional”, começou por dizer. “A prática habitual na disponibilização é feita em tranches, de forma gradual. Não é feita de forma abrupta. Não se pretende vacinar toda a gente ao mesmo tempo, como é óbvio, até para evitar grandes concentrações. Fazemos um apelo à serenidade e tranquilidade porque com certeza toda a gente vai ser vacinada”, garantiu.
Já a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, foi confrontada com a polémica em torno da alta clínica, que pode ser dada aos dez dias, sem teste negativo. A responsável da Direção-Geral da Saúde (DGS) explicou que estes casos tiveram apenas "doença ligeira ou mesmo assintomática".
“Obviamente que esta questão surge da evolução do conhecimento científico. Apesar de alguns graus de incerteza, hoje sabemos muito mais sobre a dinâmica do vírus, sobre a replicação do vírus — como se replica — e sobre como se excreta, como sai de uma pessoa para a outra e em que quantidade”, começou por dizer.
“Também sabíamos já que as pessoas mesmo depois de não terem sintomas, podiam ter ainda teste positivo. E já se sabia há uns meses que isso provavelmente se devia a partículas virais que não tinham capacidade para infetar outras pessoas”, notou.
“A conclusão a que chegámos é que a evolução clínica, e estamos a falar em doentes, é mais relevante do que a evolução laboratorial para determinar se um indivíduo se mantém ou não infecioso. Estas pessoas se tiverem tido doença ligeira ou doença assintomática mas com teste positivo, se ao décimo dia não tiverem febre e agravamento dos sintomas considera-se que não estão a infetar outras”, explicou.
“Foi a ciência que evolui e que permite saber que aquelas pessoas, entre o oitavo e o décimo dia já não estão a excretar vírus viáveis em quantidade suficiente para infetar outras pessoas”, reforçou, acrescentando que estas pessoas entrarão "para os recuperados, por um critério clínico" e não por teste.
Na mesma conferência de imprensa, Lacerda Sales destacou que se se está a tentar “ a todo o custo” evitar o confinamento obrigatório, “porque não podemos ficar fechados todo o inverno”.
“Tomamos, isso sim, medidas graduais que visam a convivência com o vírus e com a normalidade possível na nossa vivência coletiva”, disse.
“Não teremos garantidamente de ficar confinados se conseguirmos manter o distanciamento social e o nosso comportamento individual de acordo com aquilo que são as diretrizes da DGS. Essa etiqueta comportamental social é uma exigência não só no nosso meio laboral, mas também no nosso meio familiar. Dá-nos responsabilidades acrescida. Não podemos baixar a guarda”, rematou o secretário de Estado.
A diretora-geral da Saúde esclareceu ainda que “não se encontrou nenhuma relação entre a abertura das escolas e o aumento de casos" e assumiu que “há um aumento da proporção de novos casos entre os 50 e os 69 anos”, apesar da "maior parte dos casos" ser ainda nos mais jovens.